Aracaju, 3 de setembro de 2016
Meus prezados leitores
SONHO
Nesta tarde fria e silenciosa ocorreu-me
a ideia de calcular a quantidade de sonhos que já me ocorreram em 92 anos e 8
meses.
O número é fantástico!
Encontro o total de 169.000 sonhos noturnos,
sem computar os sonhos diurnos.
Então, ponho-me a pensar:
Será que eu sou o maior sonhador do
mundo?
Há sonhos curtos e sonhos longos, ou
seja, de várias horas.
Já visitei, sonhando, muitos países da
Ásia, da Europa e das Américas.
Viajo de avião e de navio.
Certa vez sonhei que estava em Paris.
Passeei de barco no rio Sena e estive na Ilha de La Cité, coração dessa famosa
cidade.
Muitos anos depois eu visitava essa
cidade. Contemplei o rio Sena e, por curiosidade, dirigi-me àquela já citada
ilha.
As imagens que eu via eram as mesmas do
meu sonho.
Muitas vezes eu corria risco de vida.
Assaltos, guerras e revoluções.
Na Índia, me vi no centro de uma
revolução. A polícia atirava no povo e vi centenas de mortos.
Estive no Marrocos. Hospedei-me num hotel,
onde dormi uma noite.
O dia amanheceu. Vesti-me e fui ao
restaurante, que estava lotado.
Eu não compreendia uma única palavra que
as pessoas falavam.
Perambulando pelas ruas, cruzava com
pessoas falando árabe.
De súbito, deparei-me com um pequeno
grupo que falava o idioma francês. Aproximei-me e compreendia o que falavam.
Logo acordei.
Se eu fora contar todos os sonhos dos
quais ainda recordo, escreveria um montão de livros.
Memória
Há notícia de que o dramaturgo e poeta
inglês SHAKESPEARE empregou 10.000 diferentes palavras em suas obras literárias.
Outros dizem que ele teria se utilizado
de 15.000 palavras.
Tenho um amigo na cidade do Salvador,
estado da Bahia, um dos maiores escritores do Brasil, membro da Academia de
Letras, o qual recitou, de cor, 25 longos poemas do famoso poeta Castro Alves.
Eu o invejo.
As minhas poesias em processo de
digitação são centenas.
De cor, posso recitar apenas duas
quadrinhas que reproduzo:
1)
“
No espelho escrevo estes versos
para
serem lidos do pódio do Universo.
São
versos nascidos da alegria e da dor,
Chamas do
sofrimento e do amor”.
O
Adeus
2)
“Quando
deixei o meu sertão,
de
alparcata percorri o chão.
Da garota que amava não me despedi,
e, chorando muito, fugi. ”
Chegando ao portal dos 93 anos, continuo
a dizer que a minha atual memória é um tanto visual.
Não me lembro de certa palavra de cinco
idiomas, porém quando leio livro ou dicionário sei o seu significado.
Os cabides da minha memória estão
superlotados. Não há espaço para decorar novas palavras.
Num cálculo arbitrário, na minha memória
se acham arquivadas a seguinte quantidade de palavras:
Português 8.000
Inglês 5.000
Francês 6.000
Espanhol 4.000
Italiano 2.000
Total 25.000
Quando escrevo poesia ou prosa, as
palavras vão fluindo naturalmente, como flui a água de uma fonte.
O famoso romancista francês BALZAC
reescrevia os seus romances por doze vezes. Quando o livro estava terminado era
muito diferente do primeiro rascunho.
O meu método de produzir em prosa e
verso é diferente.
Somente escrevo nos momentos da
inspiração. Observo a seguinte máxima de Goethe:
“ Aquilo que você escreve
no momento da inspiração
não altere depois”.
O meu poema mais longo tem 62 versos,
escritos num único jato. Quando reli, não alterei uma só palavra.
Não costumo requintar o que escrevo.
Leio o texto apenas uma vez e, raramente, infrinjo a máxima de Goethe.
Edson Valadares.
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