Aracaju, 10 de setembro
de 2016.
Meus
caros leitores:
VICTOR HUGO
No final do século XX, eu morava na
cidade de Ilhéus, estado da Bahia.
Numa visita à cidade do Rio de Janeiro,
onde fui matar saudades, entrei na famosa livraria Leonardo da Vinci, sita na
Avenida Rio Branco.
Os meus olhos perambulavam pelas
prateleiras da vasta livraria quando visualizaram um livro volumoso na
prateleira reservada à poesia.
Descobri que se tratava do mais famoso
dos dez livros de poesia de sua autoria. Intitulava-se “LA LÉGENDE DES
SIÈCLES”; 1.030 páginas, escritas no idioma francês.
Lembro-me que demorei alguns meses para
concluir a sua leitura.
O meu dicionário LAROUSSE reclamava por
causa das muitas vezes que eu o consultava.
Avaliemos que já é difícil a leitura
dessa língua em prosa, quanto mais em poesia.
O livro em questão esteve abandonado
numa estante da minha biblioteca durante uns 16 anos.
Neste momento, quando se apagam os
últimos clarões da tarde, eu reencontrei o livro de HUGO, e me decidi a
enfrentar a tarefa de lê-lo novamente.
Surpreendeu-me encontrar na “folha de
rosto” (primeira página em branco) os seguintes pensamentos que nela escrevi:
1)
O
passado é um castelo
em ruínas;
2)
Eu
sou um caminheiro
perdido no labirinto do
Destino;
3)
A
vida é uma corrida
louca em direção ao
abismo da morte.
Quando me
deparo com coisas que escrevi nas páginas dos livros que lia, em anos passados,
ponho-me a conjecturar que naquele tempo eu seria mais inspirado na arte de
escrever do que hoje, quando me aproximo da idade de 93 anos.
Ao folear
as páginas últimas do livro em questão, não pude evitar a brisa de um sorriso.
Encontrei
um orçamento datado de fevereiro de 2003, que reproduzo, para os anais da minha
existência:
Orçamento
1. Aluguel 350
2. Deise (mesada) 200
3. Nena (esposa) 150
4. Débora (filha) 50
5. Energipe 73
6. Deso 117
7. Telemar 309
8. Água mineral 15
9. Gás
31
10. Insinuante (loja) 300
1.595.00
11. Viagem em ônibus 438
12. Lanche 50
13. Taxi 80
14. Despesas 250 818
TOTAL 2.413,00
Proventos
3.300,00
Orçamento
2.413,00
Superávit 887,00
Após este
longo prólogo, volto a me referir a VICTOR HUGO.
Eu sou
mais adicto do HUGO escritor do que o HUGO poeta.
Os críticos
franceses o elegem o poeta número um da França.
A maioria
dos seus poemas são longos, ricos de metáforas, além de líricos.
Eu
entendo que um poema deva cultivar um mesmo tema, ou seja, um mesmo assunto. Do
contrário, o poeta passa a trafegar por caminhos diferentes.
Comparar-me
ao grande poeta francês, não ouso, mesmo por que pertencemos a escolas
diferentes.
A minha
escola poética é a concretista (movimento literário do início do século XX),
com raras exceções.
Quando
leio os seus poemas de poucas linhas e de um único tema, vejo o gigante
levantar-se e merecer o título de ser o maior poeta francês.
Edson Valadares
Nenhum comentário:
Postar um comentário