segunda-feira, 19 de setembro de 2016

Meus caros leitores



                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                      Aracaju, 10 de setembro de 2016.

Meus caros leitores:
               
                VICTOR HUGO


No final do século XX, eu morava na cidade de Ilhéus, estado da Bahia.
Numa visita à cidade do Rio de Janeiro, onde fui matar saudades, entrei na famosa livraria Leonardo da Vinci, sita na Avenida Rio Branco.
Os meus olhos perambulavam pelas prateleiras da vasta livraria quando visualizaram um livro volumoso na prateleira reservada à poesia.
Descobri que se tratava do mais famoso dos dez livros de poesia de sua autoria. Intitulava-se “LA LÉGENDE DES SIÈCLES”; 1.030 páginas, escritas no idioma francês.
Lembro-me que demorei alguns meses para concluir a sua leitura.
O meu dicionário LAROUSSE reclamava por causa das muitas vezes que eu o consultava.
Avaliemos que já é difícil a leitura dessa língua em prosa, quanto mais em poesia.
O livro em questão esteve abandonado numa estante da minha biblioteca durante uns 16 anos.
Neste momento, quando se apagam os últimos clarões da tarde, eu reencontrei o livro de HUGO, e me decidi a enfrentar a tarefa de lê-lo novamente.
Surpreendeu-me encontrar na “folha de rosto” (primeira página em branco) os seguintes pensamentos que nela escrevi:

1)              O passado é um castelo
          em ruínas;

2)              Eu sou um caminheiro
         perdido no labirinto do
         Destino;

3)              A vida é  uma corrida
         louca em direção ao
         abismo da morte.

Quando me deparo com coisas que escrevi nas páginas dos livros que lia, em anos passados, ponho-me a conjecturar que naquele tempo eu seria mais inspirado na arte de escrever do que hoje, quando me aproximo da idade de 93 anos.
Ao folear as páginas últimas do livro em questão, não pude evitar a brisa de um sorriso.
Encontrei um orçamento datado de fevereiro de 2003, que reproduzo, para os anais da minha existência:

Orçamento

1.      Aluguel                          350
2.      Deise (mesada)             200
3.      Nena (esposa)               150
4.      Débora (filha)                   50
5.      Energipe                          73
6.      Deso                               117
7.      Telemar                          309
8.      Água mineral                    15
9.       Gás                                  31
10.  Insinuante (loja)                300           1.595.00

11.   Viagem em ônibus       438       
12.  Lanche                            50
13.  Taxi                                 80      
14.  Despesas                      250           818
 
                   TOTAL                               2.413,00
                           
Proventos                         3.300,00
Orçamento                        2.413,00
           Superávit                 887,00


Após este longo prólogo, volto a me referir a VICTOR HUGO.
Eu sou mais adicto do HUGO escritor do que o HUGO poeta.
Os críticos franceses o elegem o poeta número um da França.
A maioria dos seus poemas são longos, ricos de metáforas, além de líricos.
Eu entendo que um poema deva cultivar um mesmo tema, ou seja, um mesmo assunto. Do contrário, o poeta passa a trafegar por caminhos diferentes.
Comparar-me ao grande poeta francês, não ouso, mesmo por que pertencemos a escolas diferentes.
A minha escola poética é a concretista (movimento literário do início do século XX), com raras exceções.
Quando leio os seus poemas de poucas linhas e de um único tema, vejo o gigante levantar-se e merecer o título de ser o maior poeta francês.


             Edson Valadares

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