SÁTIRA
Gigante deitado em berço esplêndido,
Aguardando de Deus um estipêndio!
Acorda Bahia! Livra-te da ignorância.
Não tenha fé no engano da cartomancia!
Terra amante das antigas tradições.
De igrejas velhas e de casarões.
Olhe, Bahia, para um rico futuro;
Do teu passado só há monturo!
Terra de Rui e de Mangabeira,
Onde hoje prospera a besteira!
Teu povo é bom, alegre, embora infeliz.
Um povo pobre, doente, como a meretriz!
Terra onde ainda existem currais eleitorais
E de poetas como Castro Alves, nunca mais!
Terra onde medra a erva do analfabetismo,
Mas ricamente iluminada de personalismo!
Sabe com quem está falando?
Esta arrogância irá até quando?
Bahia: por ti o triste poeta chora
À vista das favelas e fome que deplora!
Teu futuro está na agricultura,
E num povo de maior cultura.
A indústria é só uma aventura!
A salvação desta terra não está no baralho:
Está no estribilho: trabalho, trabalho!
Ilhéus, 28-8-2000.
(quando o Sol descamba)
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