PALESTRA
Excelentíssimo
Senhor Doutor
JOSÉ
ANDERSON NASCIMENTO,
eminente
presidente desta
Catedral
de Cultura.
Exmas.
Senhoras Acadêmicas
Exmos.
Senhores Acadêmicos.
Senhoras
e Senhores que neste
dia
prestigiam esta reunião.
Mais uma vez tenho a honra de dirigir a palavra
a Vossas Excelências, ciente da responsabilidade que assumo.
Nesta ocasião apraz-me expor um gênero
literário pouco praticado na História da literatura, atualmente esquecido.
Refiro-me à sátira poética.
Preliminarmente, me proponho a discutir o que
seja sátira, que assim pode ser definida;
“Modalidade
literária que consiste na crítica a pessoas ou instituições. A sátira, com
ironia ou zombaria ataca os costumes sociais, principalmente”.
A sátira nem sempre é humorística – por vezes chega
a ser trágica. O HUMOR SATÍRICO tenta, muitas vezes, obter um efeito cômico
pela justaposição da sátira com a realidade. O principal objetivo da sátira é
político, social ou moral – e não cômico. O objetivo da sátira é atacar os
males da sociedade, o que deu origem à expressão latina: “castigar ridendo moris”,
ou seja, castigar os costumes pelo riso!
Por seu caráter denunciador a sátira é essencialmente
paródica, pois se constroi através do relacionamento de personalidades (reais
ou fictícias), instituições e temas que, segundo as convenções clássicas,
deveriam ser tratados em estilo elevado. Ou seja: a sátira ri de assuntos e
pessoas “sérias”, para denunciar o que há de podre por trás da fachada nobre impingida
à sociedade”.
Após essas considerações, penetro nos objetivos
desta palestra.
Na Antiguidade, Horácio, lido ainda hoje por
quem admira e gosta da literatura romana.
Naquela época distante, talvez tenha sido ele o
único poeta satírico.
Entretanto, a sua poesia satírica não era
ofensiva, porém leve como a brisa que sopra nas manhãs do tempo.
GREGÓRIO
DE MATTOS GUERRA
O mais famoso poeta satírico do Brasil
colonial.
Nasceu em Salvador/BA, no dia 23 de dezembro de
1636. Ocupação: Advogado e poeta.
Em 1694, correndo o risco de ser assassinado
por causa de sua poesia satírica é deportado para Angola.
Mais tarde, recebe permissão de voltar ao
Brasil. Impedido de voltar à Bahia, vai para Recife, onde morre de febre
contraída em Angola, aos 59 anos.
Por economia de espaço e tempo, leio apenas um soneto
de sua autoria:
“A cada
canto um grande conselheiro,
Que nos
quer governar a cabana, e vinha,
Não sabem
governar sua cozinha,
E podem
governar o mundo inteiro.
Em cada
porta um frequentado olheiro,
Que a
vida do vizinho, e da vizinha
Pesquisa,
escuta, espreita, e esquadrinha,
Para a
levar à Praça, e ao Terreiro.
Muitos
Mulatos desenvergonhados,
Trazidos
pelos pés os homens nobres,
Posta nas
palmas toda a picardia.
Estupendas
usuras nos mercados,
Todos, os
que não furtam, muito pobres,
E eis
aqui a cidade da Bahia”.
A Bahia foi pródiga em epigramatistas: Wilson Lins, Lafayete Spínola, Orlando
Spínola, dentre outros.
Porém o titã da sátira baiana, após Gregório,
foi Silvio Valente, morto aos 33 anos. Nascido a 27 de fevereiro de 1918.
O poeta compôs diversos sonetos satíricos.
Leio apenas algumas quadras, nas quais ele
retratava colegas:
1) Newton
ama o esporte
é mesmo craque na bola.
Por não precisar (ele é forte)
jamais usou a cachola.
2) Foi ao
cinema o Coqueijo
e deu-se um fato esquisito:
Poppeye lhe enviou um beijo
Julgando-o Olívia Palito.
3) Não se
zangue comigo isso é piléria,
se ando dizendo desaforo a rodo,
é pra esconder esta verdade séria:
Por vós, Orlando, “yo me rompo todo”.
Para concluir, apraz-me
apresentar a esta assembleia, um poeta satírico comparado a Gregório de Mattos,
pelo saudoso poeta e crítico literário dr. Mário Cabral. Sou eu mesmo.
Antes, porém, devo
apresentar-lhes a seguinte:
JUSTIFICATIVA
No ano 2000 eu lia o
livro de poesia satírica de Gregório de Mattos, cognominado “O BOCA DO
INFERNO”. Jamais havia pretendido compor versos dessa natureza.
Enquanto continuava a
me maravilhar com os seus versos ferinos, fui movido por uma força desconhecida
e comecei a compor sátiras.
Ao virar a última
página do citado livro, morreu a inspiração, dando-me a pensar que as sátiras
tivessem sido psicografadas pelo soberbo poeta da Bahia.
Para esta palestra,
selecionei as que me apraz lê-las neste momento.
Uma delas, critica a
Organização Jurídica do Brasil.
Nessa mesma ocasião eu lia,
também, sátiras do filósofo inglês SWIFT, considerado o maior escritor satírico
da história da literatura.
Julgo que os
magistrados são vítimas do sistema.
Além das responsabilidades que assumem ao dar
as suas sentenças, estão sempre sobrecarregados de trabalhos físicos e mentais.
As causas das
obstruções da organização Jurídica parecem-me ser duas:
Primeira - Número elevado de instâncias.
Segunda - Falta de súmulas que
dariam velocidade aos processos.
Li num jornal que
somente contra o INSS existiam, na época, cinco milhões de processos.
Como observador desse
processo jurídico, parece-me que a súmula contraria os interesses financeiros
dos advogados protelatórios, e, jamais, as súmulas terão vida.
Aracaju, 20 de agosto de 2016
Edson Valadares
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