quinta-feira, 1 de setembro de 2016

PALESTRA






 PALESTRA

Excelentíssimo Senhor Doutor
JOSÉ ANDERSON NASCIMENTO,
eminente presidente desta
Catedral de Cultura.
Exmas. Senhoras Acadêmicas
Exmos. Senhores Acadêmicos.
Senhoras e Senhores que neste
dia prestigiam esta reunião.


Mais uma vez tenho a honra de dirigir a palavra a Vossas Excelências, ciente da responsabilidade que assumo.
Nesta ocasião apraz-me expor um gênero literário pouco praticado na História da literatura, atualmente esquecido.
Refiro-me à sátira poética.
Preliminarmente, me proponho a discutir o que seja sátira, que assim pode ser definida;

“Modalidade literária que consiste na crítica a pessoas ou instituições. A sátira, com ironia ou zombaria ataca os costumes sociais, principalmente”.

A sátira nem sempre é humorística – por vezes chega a ser trágica. O HUMOR SATÍRICO tenta, muitas vezes, obter um efeito cômico pela justaposição da sátira com a realidade. O principal objetivo da sátira é político, social ou moral – e não cômico. O objetivo da sátira é atacar os males da sociedade, o que deu origem à expressão latina: “castigar ridendo moris”, ou seja, castigar os costumes pelo riso!
Por seu caráter denunciador a sátira é essencialmente paródica, pois se constroi através do relacionamento de personalidades (reais ou fictícias), instituições e temas que, segundo as convenções clássicas, deveriam ser tratados em estilo elevado. Ou seja: a sátira ri de assuntos e pessoas “sérias”, para denunciar o que há de podre por trás da fachada nobre impingida à sociedade”.
Após essas considerações, penetro nos objetivos desta palestra.
Na Antiguidade, Horácio, lido ainda hoje por quem admira e gosta da literatura romana.
Naquela época distante, talvez tenha sido ele o único poeta satírico.
Entretanto, a sua poesia satírica não era ofensiva, porém leve como a brisa que sopra nas manhãs do tempo.

GREGÓRIO DE MATTOS GUERRA

O mais famoso poeta satírico do Brasil colonial.
Nasceu em Salvador/BA, no dia 23 de dezembro de 1636. Ocupação: Advogado e poeta.
Em 1694, correndo o risco de ser assassinado por causa de sua poesia satírica é deportado para Angola.
Mais tarde, recebe permissão de voltar ao Brasil. Impedido de voltar à Bahia, vai para Recife, onde morre de febre contraída em Angola, aos 59 anos.
Por economia de espaço e tempo, leio apenas um soneto de sua autoria:

“A cada canto um grande conselheiro,
Que nos quer governar a cabana, e vinha,
Não sabem governar sua cozinha,
E podem governar o mundo inteiro.

Em cada porta um frequentado olheiro,
Que a vida do vizinho, e da vizinha
Pesquisa, escuta, espreita, e esquadrinha,
Para a levar à Praça, e ao Terreiro.

Muitos Mulatos desenvergonhados,
Trazidos pelos pés os homens nobres,
Posta nas palmas toda a picardia.

Estupendas usuras nos mercados,
Todos, os que não furtam, muito pobres,
E eis aqui a cidade da Bahia”.

A Bahia foi pródiga em epigramatistas: Wilson         Lins, Lafayete Spínola, Orlando Spínola, dentre outros.
Porém o titã da sátira baiana, após Gregório, foi Silvio Valente, morto aos 33 anos. Nascido a 27 de fevereiro de 1918.
O poeta compôs diversos sonetos satíricos.
Leio apenas algumas quadras, nas quais ele retratava colegas:
1)      Newton ama o esporte
é mesmo craque na bola.
Por não precisar (ele é forte)
jamais usou a cachola.

2)      Foi ao cinema o Coqueijo
e deu-se um fato esquisito:
Poppeye lhe enviou um beijo
Julgando-o Olívia Palito.

3)      Não se zangue comigo isso é piléria,
se ando dizendo desaforo a rodo,
é pra esconder esta verdade séria:
Por vós, Orlando, “yo me rompo todo”.

Para concluir, apraz-me apresentar a esta assembleia, um poeta satírico comparado a Gregório de Mattos, pelo saudoso poeta e crítico literário dr. Mário Cabral. Sou eu mesmo.
Antes, porém, devo apresentar-lhes a seguinte:
 JUSTIFICATIVA

No ano 2000 eu lia o livro de poesia satírica de Gregório de Mattos, cognominado “O BOCA DO INFERNO”. Jamais havia pretendido compor versos dessa natureza.
Enquanto continuava a me maravilhar com os seus versos ferinos, fui movido por uma força desconhecida e comecei a compor sátiras.
Ao virar a última página do citado livro, morreu a inspiração, dando-me a pensar que as sátiras tivessem sido psicografadas pelo soberbo poeta da Bahia.
Para esta palestra, selecionei as que me apraz lê-las neste momento.
Uma delas, critica a Organização Jurídica do Brasil.
Nessa mesma ocasião eu lia, também, sátiras do filósofo inglês SWIFT, considerado o maior escritor satírico da história da literatura.
Julgo que os magistrados são vítimas do sistema.
 Além das responsabilidades que assumem ao dar as suas sentenças, estão sempre sobrecarregados de trabalhos físicos e mentais.
As causas das obstruções da organização Jurídica parecem-me ser duas:
Primeira   - Número elevado de instâncias.
Segunda - Falta de súmulas que dariam velocidade aos processos.
Li num jornal que somente contra o INSS existiam, na época, cinco milhões de processos.
Como observador desse processo jurídico, parece-me que a súmula contraria os interesses financeiros dos advogados protelatórios, e, jamais, as súmulas terão vida.


 Aracaju, 20 de agosto de 2016

            Edson Valadares

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