terça-feira, 20 de setembro de 2016

José Lima Santana




Aracaju, 20 de setembro de 2016


Excelentíssimo Professor
da Ciência do Direito, intelectual
e Acadêmico, JOSÉ LIMA SANTANA.


Considerando que V. Exa. é um exímio  CONTADOR DE HISTÓRIAS, cheias de verve e humor, da caverna do meu cérebro surgiu a ideia de oferecer a V. Exa. uma fração das histórias da saga da minha existência, que de muito superaram as aventuras de MARCK TWAIN!
Não seria exagero afirmar que as minhas aventuras superam os doze trabalhos de HÉRCULES.
Preliminarmente, informo que após 61 anos de ausência deste Estado, regressei no final de 2011 no desejo de aqui encerrar os olhos e passar a residir com os meus pais no cemitério Santa Isabel.
A minha saga começa na idade de 6 meses.
Nasci no dia 7 de janeiro de 1924, na fazenda BURIL, município de Simão Dias, Sergipe, pertencente aos meus pais.
Os meus avós moravam sozinhos na fazenda Boqueirão, sita no município de Tobias Barreto.
Eu era o 3º filho do casal.
Então, os meus pais me doaram aos meus avós, na idade de 6 meses.
Num certo dia, o meu avô alojou-me no cabeçote da sela do seu cavalo Alazão e me transportou para a sua enorme fazenda, a qual ficava a seis quilômetros de distância do povoado Samambaia.
Em vez de ser alimentado pelo leite da minha mãe, passei a tomar leite de vaca.
Na idade de um ano, encontrei uma bala no chão do casarão.
Ocorreu-me a infeliz ideia de apanhar uma pedra
 e malhar aquele estranho objeto.
Houve um estrondo. A bala arrancou um pedaço do meu calcanhar. O sangue jorrava.
Era meio-dia. Os meus avós e visitantes almoçavam.
Acorreram ao meu encontro.
O meu avô selou o Alazão e rumou para o povoado onde havia uma farmácia. O farmacêutico, ciente do ocorrido, reuniu o necessário para fazer os curativos e estancar o sangue.
Os meus dois salvadores montaram no robusto cavalo e, a galope, partiram para a fazenda.
De nada mais me lembro.
Ao completar cinco anos, o meu avô me ofereceu algumas tarefas da fazenda, e exclamou:
“ Esta terra é sua. Plante feijão e milho; darei as sementes! ”
Apanhei uma enxada, capinei a área, abri covas e iniciei a plantação, da qual muito me orgulhava.
A minha colheita coincidia com a colheita do meu avô.
Para fazer a colheita da fazenda, o meu avô reunia um mutirão composto de dezenas de homens e de mulheres que trabalhavam sem remuneração.
A recompensa consistia na alimentação e muita cachaça.
Parte da colheita ficava armazenada, para o nosso consumo, e a próxima plantação.
O restante era vendido nas feiras do povoado, que aconteciam aos sábados.
Nesses dias, o meu avô dava-me 20 centavos para comprar doces na feira, e nada mais.
Não me lembro do que aconteceu com a minha roça. Tenho a impressão que desisti de continuar.
Aos seis anos fui matriculado na Escola Pública do povoado, distante seis quilômetros da fazenda.
Do exposto, eu caminhava diariamente 12km. para estudar.
Enfrentava muitos perigos nessas caminhadas. Trovoadas, riachos cuja travessia era perigosa. Bois e vacas que não gostavam de crianças, e me ameaçavam. As vezes corriam no meu encalço e eu me salvava ao trepar na árvore mais próxima.
Conclui o curso primário que durava quatro anos.
Aos dez anos, o meu pai me resgatou do sertão para me reunir à família, que morava na cidade de Boquim, situada no sul do Estado.
O que me aconteceu durante esses dez anos, está relatado em 57 contos verídicos constantes do livro  “CONTOS do SERTÃO”, publicado na internet pela Editora AMAZON.
Esse livro tem 432 páginas. Os contos são ilustrados a cores, e nele constam 40 fotografias coloridas de imagens do sertão. Cada exemplar custou-me R$ 147.00. Na internet custa cerca de R$ 35.00.
Esse é o livro de contos mais bonito jamais publicado no Brasil e no mundo.
Esquecia-me de registrar nesta biografia resumida, que nos dez anos de vida na fazenda, o meu avô salvou-me da morte algumas vezes.
Ele era de estatura elevada, excelente caçador e nadava como um peixe. O seu aboio quando tangia o gado era famoso no sertão. Assemelhava-se ao rugido do trovão.
Em Boquim vivi apenas um ano. Estudava em colégio particular, no tempo da palmatória. Como o melhor aluno, o professor me obrigava a nas sabatinas, usar a palmatória nas mãos dos colegas. Embora eu batesse levemente, angariei alguns inimigos.
Decorrido um ano, os meus pais se separaram.
A minha mãe tinha um ateliê de corte e costura e
uma escola dessa arte.
Ela era corajosa como JOANA D’ARC.
Reuniu a tropa de nove filhos, entrou num trem e partiu para a capital - Aracaju - onde não conhecia ninguém.
Alugou casa na Rua Santa Luzia, sita no centro da cidade.
Colocou no frontispício do imóvel uma placa de publicidade e, rapidamente, angariava clientes na alta sociedade, inclusive a esposa do governador Maynard Gomes.
A minha saudosa mãe faleceu aos 42 anos de idade. Ela foi a mais competente estilista de Sergipe. Ademais, foi ela quem inaugurou o primeiro salão de beleza do Estado.
Se ALAN KARDEC tiver razão, espero encontrá-la na Eternidade.
Em 1945, recebi diploma de Contador. Em 1950, embarquei num avião e migrei para a cidade do Rio de Janeiro, onde a minha saga continuava.
Os meus livros já publicados e outros a publicar, contam a história de um sertanejo sergipano que procedeu a auditorias contábeis na França, Alemanha, Estados Unidos (2 vezes), Canadá e Panamá. Conhecedor de quatro idiomas.
Fui candidato ao Prêmio Nobel de Literatura de 2012 e novamente candidato em 2016.

      Atenciosas saudações,


Edson Valadares
(Poeta e escritor)





Um comentário:

  1. Olá Procuro irmãos de minha avó. Eles moravam em uma fazenda chamada Buril em Sergipe. O nome dos irmãos: Celia, Josefá, Agenor, Ana Gloria, OlIvia, Teresa, Antonio. Nome do pai: Jose Camilo dos Santos e mãe Maria Jose Francisca. E-mail para contato: nayallves05@gmail.com

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