domingo, 20 de novembro de 2016

JOSÉ ADERVAL ARAGÃO




Aracaju, 15 de novembro de 2016.


Excelentíssimo doutor
JOSÉ ADERVAL ARAGÃO, Presidente
da Sociedade Médica de Sergipe (SOMESE):


Na tarde de hoje abandonei uma Antologia da poesia francesa por causa de um artigo publicado na Revista SOMESE- Edição 143 - de autoria do médico, filósofo e literato MARCOS ALMEIDA.
Vou lendo o texto e encontrando afirmações que eu, discípulo de Descartes, as coloco no pedestal da dúvida.
Certamente, o ilustre intelectual, que com a sua sabedoria enriquece as Letras deste estado, ao redigir “A artística tristeza” de Baudelaire ignorava que em Aracaju houvesse alguém que o contestasse”.
Onde ele diz: “... um dia alcançar a plena felicidade, o proclamado “NIRVANA” onde todos os desejos e aspirações estão mantidos sob controle” etc.
Noto que esse blá- blá- blá não tem consistência, nem verdade.
A felicidade assemelha-se à miragem no deserto.
O “Nirvana”, apenas uma utopia.
Ele transcreve as palavras de um louco: NIETSCHE, cuja opinião constitui um festival de besteiras.
Parece estranho que um médico culto endosse a opinião desse alemão que morreu maluco.
O conto “Cândido”, de Voltaire (o meu filósofo preferido) é uma sátira e não um “irônico libelo”.
Aqueles que são contra as elites, estão alimentados pelo mal da inveja!
O indivíduo que sofre depressão é fraco de espírito, portanto culpado por si mesmo.
 Mais adiante, o ilustre articulista sai da literatura para cuidar da música.
 Aqui abro um parêntese para um breve comentário.
 Se eu fora o autor desse artigo, ficaria restrito a Baudelaire, o qual está esquecido pelo articulista que, no linguajar popular “enche linguiça”.
 De música e arte clássica não cuidarei, uma vez que essas artes me são estranhas.
 Chego no trecho em que o articulista confessa que se esqueceu de Baudelaire.
 Em algum lugar o médico Marcos Almeida leu a opinião de alguém que considera Baudelaire “poeta maldito” do século XIX.
 Ora, se ele confessa haver lido com prazer o único livro de poesia desse famoso poeta francês, não deveria, evidentemente, concordar com essa “opinião maldita”.
 Abro outro parêntese para transcrever a opinião de Victor Hugo sobre Baudelaire:

“Vos avez créé un
frisson nouveau”.

Considerando que o articulista não estudou os tratadistas da poesia, desde Horácio, Aristóteles e outros, ele não deveria penetrar em terreno desconhecido.
 Ele próprio transcreve o título de um poema: “HINO à BELEZA”.
 Daí que chamar Baudelaire de “ imensamente       melancólico bardo” o dr. Marcos devia calar-se.
 Ao traduzir poesias, o articulista infringe o seguinte conselho do poeta e filósofo Voltaire a saber:


 “Poesia não se traduz.
  Ou se lê no original,
  ou não se lê”.

 Há, ainda, o ditado italiano, que diz: Tradutor, traidor.
 Eu conheço a obra poética de Baudelaire e de uns outros 400 dos mais ilustres poetas franceses.
 A sua poesia é de temas variados.  Se há desespero em algum poema, há alegria em outros.
Portanto, a angustia e a melancolia de Baudelaire se acha somente na imaginação do articulista.
 Faz-se necessário acrescentar que ele também foi notável escritor.
 No final, ao traduzir versos do poema “O ALBATROZ” o tradutor cometeu erros nas seguintes palavras: onde diz “que lida”, a palavra original é “persegue”.  Onde diz “às vaias”, o certo é “as valas” (ou buracos).
 Senhor presidente:
 Eu estive durante um mês na cidade de Hamburgo. No Rio Elba assisti o voo de dezenas de albatrozes. Lembrei-me, então, do poema de Baudelaire.
 Evidentemente, a Revista SOMESSE não dará espaço para a publicação desta carta.
 Não faz mal.
 A divulgarei no meu blog que recebe acessos de Três Continentes, e até do Oriente Médio.
 Esse blog, embora recente, já causa focos de incêndios na internet.
 Atenciosamente,

              Edson Valadares
 (Poeta e escritor satírico, epistológrafo,
 pensador. Candidato ao Prêmio Nobel de Literatura.

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