Aracaju, 15 de novembro de 2016.
Excelentíssimo doutor
JOSÉ ADERVAL ARAGÃO,
Presidente
da Sociedade Médica de Sergipe (SOMESE):
Na tarde de hoje abandonei uma
Antologia da poesia francesa por causa de um artigo publicado na Revista
SOMESE- Edição 143 - de autoria do médico, filósofo e literato MARCOS ALMEIDA.
Vou lendo o texto e encontrando
afirmações que eu, discípulo de Descartes, as coloco no pedestal da dúvida.
Certamente, o ilustre intelectual, que
com a sua sabedoria enriquece as Letras deste estado, ao redigir “A artística tristeza”
de Baudelaire ignorava que em Aracaju houvesse alguém que o contestasse”.
Onde ele diz: “... um dia alcançar a
plena felicidade, o proclamado “NIRVANA” onde todos os desejos e aspirações
estão mantidos sob controle” etc.
Noto que esse blá- blá- blá não tem
consistência, nem verdade.
A felicidade assemelha-se à miragem no
deserto.
O “Nirvana”, apenas uma utopia.
Ele transcreve as palavras de um louco:
NIETSCHE, cuja opinião constitui um festival de besteiras.
Parece estranho que um médico culto
endosse a opinião desse alemão que morreu maluco.
O conto “Cândido”, de Voltaire (o meu
filósofo preferido) é uma sátira e não um “irônico libelo”.
Aqueles que são contra as elites, estão
alimentados pelo mal da inveja!
O indivíduo que sofre depressão é fraco
de espírito, portanto culpado por si mesmo.
Mais adiante, o ilustre articulista sai da
literatura para cuidar da música.
Aqui abro um parêntese para um breve
comentário.
Se eu fora o autor desse artigo, ficaria restrito
a Baudelaire, o qual está esquecido pelo articulista que, no linguajar popular “enche
linguiça”.
De música e arte clássica não cuidarei, uma
vez que essas artes me são estranhas.
Chego no trecho em que o articulista confessa
que se esqueceu de Baudelaire.
Em algum lugar o médico Marcos Almeida leu a
opinião de alguém que considera Baudelaire “poeta maldito” do século XIX.
Ora,
se ele confessa haver lido com prazer o único livro de poesia desse famoso
poeta francês, não deveria, evidentemente, concordar com essa “opinião maldita”.
Abro
outro parêntese para transcrever a opinião de Victor Hugo sobre Baudelaire:
“Vos avez créé un
frisson nouveau”.
Considerando que o articulista não
estudou os tratadistas da poesia, desde Horácio, Aristóteles e outros, ele não
deveria penetrar em terreno desconhecido.
Ele
próprio transcreve o título de um poema: “HINO à BELEZA”.
Daí que chamar Baudelaire de “ imensamente melancólico bardo” o dr. Marcos devia
calar-se.
Ao
traduzir poesias, o articulista infringe o seguinte conselho do poeta e
filósofo Voltaire a saber:
“Poesia
não se traduz.
Ou se lê no original,
ou não se lê”.
Há,
ainda, o ditado italiano, que diz: Tradutor, traidor.
Eu conheço a obra poética de Baudelaire e de
uns outros 400 dos mais ilustres poetas franceses.
A
sua poesia é de temas variados. Se há
desespero em algum poema, há alegria em outros.
Portanto, a angustia e a melancolia de
Baudelaire se acha somente na imaginação do articulista.
Faz-se
necessário acrescentar que ele também foi notável escritor.
No
final, ao traduzir versos do poema “O ALBATROZ” o tradutor cometeu erros nas
seguintes palavras: onde diz “que lida”, a palavra original é “persegue”. Onde diz “às vaias”, o certo é “as valas” (ou
buracos).
Senhor
presidente:
Eu
estive durante um mês na cidade de Hamburgo. No Rio Elba assisti o voo de
dezenas de albatrozes. Lembrei-me, então, do poema de Baudelaire.
Evidentemente,
a Revista SOMESSE não dará espaço para a publicação desta carta.
Não
faz mal.
A divulgarei no meu blog que recebe acessos de
Três Continentes, e até do Oriente Médio.
Esse
blog, embora recente, já causa focos de incêndios na internet.
Atenciosamente,
Edson Valadares
(Poeta e escritor satírico,
epistológrafo,
pensador. Candidato ao Prêmio
Nobel de Literatura.
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