SÁTIRA
(O TRANSPLANTE)
Perceba, minha gente,
a dura realidade:
se a morte é maldade,
o transplante é
indecente!
Mutilar o defunto é
crime;
uma ofensa ao Ser
sublime.
Cada um suporte sua
sorte,
quer na vida quer na
morte!
A fila de candidatos a transplante
forma uníssona e
esotérica corrente,
gerando fluidos capazes
de matar gente
em benefício de doente
exigente!
Se chora a família do
doador,
sorri o feliz receptor!
Oh, vida cruel e
infeliz!
Deus se cala. Nada diz.
Transplante é invenção
recente
a que a Lei concedeu
patente!
Homens da médica
Ciência,
cirurgiões de
consciência,
deixem-me enterrar
inteiro,
sem me cortar um fio de
cabelo!
Ilhéus, 29-9-2000.
(num momento de
revolta)
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