DIÁRIO
2019
______________________________________________________________________________________________________ Agosto
19. Meu Diário:
Acordo. Olho o relógio,
são 5h 41. Abro a janela. O céu está encapelado, ameaçando chover.
Começo a escrever estas linhas para relatar o
sonho mais extraordinário, mais fantástico de toda a minha existência.
Estou numa cidade desconhecida. Ando rua acima,
rua abaixo.
As multidões enchem as ruas.
Vejo as pessoas com a nitidez com que vejo na
realidade.
Perto de mim passa um enterro. O defunto está
sendo transportado numa rede, acompanhado por muita gente.
Um sujeito com uma perna de pau passa perto de
mim. Olho as fisionomias das pessoas que me parecem semelhantes às fisionomias
das populações dos nossos vivos.
Não passam veículos
nas ruas superlotadas.
O silêncio é total. Ninguém fala. Jamais vi
uma cidade tão estranha.
Me deparo com uma loja de cinco andares.
Não vejo ninguém carregando mercadorias
compradas. Não vejo, também, pessoas mal vestidas.
Esse sonho durou várias horas. Acordei. Volto
para a cama na esperança de rever aquelas multidões, porém vi somente a escuridão.
A estranha cidade sumiu-se.
Estou seguro de que eu sou o maior sonhador do
mundo.
José, aquele citado na Bíblia, ficou famoso
por causa de um único sonho.
Calculo os meus sonhos em 180.000.
E por incrível que pareça os meus sonhos são
sempre inéditos; nunca se repetem.
Muitos são rápidos, outros prolongados.
O famoso poeta francês BOILEAU, aconselhava: Antes
de escrever redija o texto no cérebro.
Eu não observo esse conselho.
Ao escrever, com rapidez, não penso. As
palavras vão jorrando como a água de uma fonte.
Parece-me ser verdadeira a sentença: “os
humanos são o maior mistério da Natureza”.
Cada órgão do nosso corpo é uma usina que
produz sem possuir matéria-prima.
Os nossos olhos têm eletricidade, o nosso
cérebro é um computador.
Quando eu morava na cidade do Rio de Janeiro
conheci um professor nascido na Europa, que conhecia 52 idiomas.
O jornal O Globo fez um teste. Levou-o a
várias embaixadas, e o professor falava todos os idiomas.
Chego aos 96 anos. Em breve saberei se a alma
existe.
Edson Valadares.
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