SÁTIRA
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O HOMEM E OS ANIMAIS
Os animais, aos quais o homem classifica de irracionais,
resolveram convocar um Tribunal visando a julgar o seu inimigo - o homem.
O leão - rei dos animais - foi eleito o
presidente do Tribunal.
Para compor o júri, Sua Majestade convocou o
elefante, pela sua força e inteligência. Convocou o macaco pela sua esperteza e
capacidade de raciocínio. Convocou a cobra sucuri devido à sua sagacidade. E,
como promotor, convocou o tigre.
Para jurados, vários animais foram nomeados.
Para defender o homem, pois o Tribunal era
democrático, o leão nomeou o ingênuo avestruz.
Formada a composição, o excêntrico Tribunal
iniciou os seus trabalhos.
A palavra foi concedida ao promotor de
acusação.
Dono de um robusto cabedal jurídico, o
promotor acusou o homem de praticar vários crimes contra a Natureza, habitat natural
dos animais. Acusou o homem por chamar os animais de irracionais, quando ele
mesmo seria mais irracional do que os animais. Acusou o homem de criminoso e
perverso, pois ele mata os animais por diversão e, também, para satisfazer o
seu estômago faminto.
Ante tantas acusações, o avestruz desistiu de
defender o homem.
A Assembleia demorou
um mês, quando foi concluído o julgamento daquele que se julga filho de Deus.
Por unanimidade, o veredicto foi o seguinte: O
homem é o verdadeiro irracional. Deve ser condenado à prisão perpétua.
Edson Valadares
(Discípulo de Swift, o maior escritor
satírico da Inglaterra e do mundo civilizado).
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