Aracaju, 20-2-2018.
Caros leitores:
A morte do boi.
Dos
seis meses de idade aos dez anos, eu vivia numa bela e vasta fazenda
pertencente aos meus avós.
A
fazenda ficava a 6 quilômetros do povoado Samambaia – hoje distrito – no
município de Tobias Barreto.
Aos
seis anos de idade eu fui matriculado na escola primária desse povoado. De ida
e volta eu caminhava 12 quilômetros.
Aos
nove anos conclui o curso. Aos dez, o meu pai resgatou-me para a civilização.
Voltei
a morar com a família de oito irmãos na cidade de Boquim, sita no sul do Estado
de Sergipe.
Num
certo dia, em torno de oito anos de idade ocorreu-me a infeliz ideia de ir ao
matadouro no povoado a fim de verificar como seria a morte de um boi, de cuja
carne as pessoas se alimentavam com satisfação e alegria.
Chego
antes da cena do abate criminoso do bovino.
O
boi ainda estava no curral.
A
sanguinário açougueiro abriu a porteira e conduziu a vítima para o local do
sacrifício.
O
animal, pressentindo que ia morrer, gemia plangentemente.
O
açougueiro o amarrou num poste. De posse de uma faca muito comprida e amolada,
começou a esfaquear o animal, o qual urrava langorosamente.
Antes
da morte do boi eu sai do local, apavorado.
Ainda
hoje, já decorridos uns 86 anos, aquela encenação trágica continua guardada na
minha memória.
Já
faz muitos anos que eu não como carne bovina. Entendo que o animal tem o mesmo
direito de viver, como os homens, seus assassinos.
Edson
Valadares.
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