quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Prezados leitores



Aracaju, 16-11-2015.


Prezados leitores:


Ignoro se este Blog satisfaz o público leitor da boa literatura.
Eu sou crítico literário dos outros poetas e escritores, porém não sei julgar a mim mesmo.
Nesta oportunidade desejo revelar um fato extraordinário da minha infância.
No ano de 1936, vinda da cidade sergipana de Boquim, a minha mãe chega à capital de Sergipe acompanhada de um récova de nove filhos.
Na cidade grande, ela não conhecia ninguém.
Mulher corajosa como Joana d’Arc, alugou uma casa e colocou um cartaz: Maria Valadares, modista e professora de corte e costura.
Atualmente, emprega-se um nome mais charmoso: estilista.
Sozinha, ela criou e educou os seus filhos. As suas clientes pertenciam à nata da sociedade.
Posso afirmar, com segurança, que jamais nasceu em Sergipe outra estilista com a sua capacidade.
No início da segunda guerra mundial, a minha mãe, heroína, embarcou num navio, em Aracaju, e viajou para a cidade do Rio de Janeiro.
Na empresa NIASE, no curso de 30 dias, fez um curso de cabelereira.
Comprou máquinas a prazo e sem fiador.
Instalou o seu salão de beleza na rua Pacatuba, próxima ao Palácio do Governo.
Esse foi o primeiro salão instalado em Aracaju.
Volvendo ao ano de 1936.
Eu chegava aos 12 anos de idade.
A minha mãe matriculou-me numa escola de datilografia. O curso durava um ano, mas eu o conclui em três meses, e já seria o datilografo mais rápido do Brasil.
Fui admitido num Cartório, como datilógrafo, percebendo um salário miserável de 10 mil reais mensais.
Datilografava escrituras volumosas e procurações, sem jamais cometer um erro datilográfico.
Eu completava um ano nesse emprego, percebendo o mesmo salário.
Para mudar a minha sorte, num certo dia, um famoso advogado entrou no Cartório e me viu datilografando na velocidade do relâmpago.
Ele aproximou-se de mim e foi dizendo: quer trabalhar comigo? Pago cem mil réis mensais.
No dia seguinte, eu não mais estava escravo do Tabelião.
Antes do início da 2ª guerra mundial, houve, na Suécia, um concurso de datilografia. O campeão foi um sueco.
Foi revelado o número de dígitos e o tempo gasto.
Resolvi testar a mim mesmo.
Coloquei papel na máquina de escrever e datilografei o texto de um livro.
Empatei com o campeão do mundo.
Fui datilógrafo até obter diploma de Contador, em dezembro de 1945.
No início do ano de 1946, TÂNTALO (deus da morte) fechou os olhos da minha mãe, ainda jovem, deixando nove irmãos ao relento da vida.
Será que a encontrei em algum lugar na Eternidade?
Duvido muito.


Edson Valadares

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