Aracaju,
16-11-2015.
Prezados
leitores:
Ignoro se este Blog satisfaz o público leitor
da boa literatura.
Eu sou crítico literário dos outros poetas e
escritores, porém não sei julgar a mim mesmo.
Nesta oportunidade desejo revelar um fato extraordinário
da minha infância.
No ano de 1936, vinda da cidade sergipana de
Boquim, a minha mãe chega à capital de Sergipe acompanhada de um récova de nove
filhos.
Na cidade grande, ela não conhecia ninguém.
Mulher corajosa como Joana d’Arc, alugou uma casa
e colocou um cartaz: Maria Valadares, modista e professora de corte e costura.
Atualmente, emprega-se um nome mais charmoso:
estilista.
Sozinha, ela criou e educou os seus filhos.
As suas clientes pertenciam à nata da sociedade.
Posso afirmar, com segurança, que jamais
nasceu em Sergipe outra estilista com a sua capacidade.
No início da segunda guerra mundial, a minha
mãe, heroína, embarcou num navio, em Aracaju, e viajou para a cidade do Rio de
Janeiro.
Na empresa NIASE, no curso de 30 dias, fez um
curso de cabelereira.
Comprou máquinas a prazo e sem fiador.
Instalou o seu salão de beleza na rua
Pacatuba, próxima ao Palácio do Governo.
Esse foi o primeiro salão instalado em
Aracaju.
Volvendo ao ano de 1936.
Eu chegava aos 12 anos de idade.
A minha mãe matriculou-me numa escola de
datilografia. O curso durava um ano, mas eu o conclui em três meses, e já seria
o datilografo mais rápido do Brasil.
Fui admitido num Cartório, como datilógrafo,
percebendo um salário miserável de 10 mil reais mensais.
Datilografava escrituras volumosas e
procurações, sem jamais cometer um erro datilográfico.
Eu completava um ano nesse emprego,
percebendo o mesmo salário.
Para mudar a minha sorte, num certo dia, um
famoso advogado entrou no Cartório e me viu datilografando na velocidade do
relâmpago.
Ele aproximou-se de mim e foi dizendo: quer
trabalhar comigo? Pago cem mil réis mensais.
No dia seguinte, eu não mais estava escravo
do Tabelião.
Antes do início da 2ª guerra mundial, houve,
na Suécia, um concurso de datilografia. O campeão foi um sueco.
Foi revelado o número de dígitos e o tempo
gasto.
Resolvi testar a mim mesmo.
Coloquei papel na máquina de escrever e
datilografei o texto de um livro.
Empatei com o campeão do mundo.
Fui datilógrafo até obter diploma de
Contador, em dezembro de 1945.
No início do ano de 1946, TÂNTALO (deus da
morte) fechou os olhos da minha mãe, ainda jovem, deixando nove irmãos ao
relento da vida.
Será que a encontrei em algum lugar na
Eternidade?
Duvido muito.
Edson Valadares
Nenhum comentário:
Postar um comentário