quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Caros leitores



Aracaju, 6-11-2015.


Caros leitores:


O acesso a este Blog recém-nascido vem crescendo como a enchente da maré.
A minha responsabilidade em abastecê-lo de boa literatura cresce também.
O meu livro de poesia, intitulado “VERSOS no ESPELHO” (700 páginas), nasceu no ano de 1995. Acaba de entrar na idade adulta.
Há dois tipos de poeta, aos quais chamo de poeta cerebral e de poeta por inspiração.
O primeiro, verseja como se escrevesse prosa. O segundo, verseja quando bafejado pela sua inspiração, a qual chamamos de Musa.
O poeta alemão Goethe, sentenciava: “Aquilo que se escreve no momento da inspiração, não se altera depois.”
Esse conselho eu sigo rigorosamente, mesmo porquê não me considero o autor dos versos, os quais vão nascendo à minha revelia, a qualquer momento do dia ou da noite.
Às vezes, sonho com o título e o texto de um poema. Acordo. Apanho caneta e papel. Os versos começam a surgir na velocidade da caneta.
Somente tenho noção do que escrevi quando faço a leitura.
O meu poema mais extenso tem 62 versos. Foi redigido sem interrupção, em poucos minutos, e sem alteração.
Certa vez, na Avenida Rio Branco, na cidade do Rio de Janeiro, onde eu residia, aguardava o sinal verde para atravessá-la. Nesses poucos minutos a minha Musa ditou-me um curto poema, o qual coloquei no papel logo que cheguei ao meu apartamento.
Apenas uma vez joguei no lixo um poema meu, porque um amigo não gostou. Eu deveria tê-lo melhorado e salvo esse poema. Perdi-o como se tivesse morrido um filho meu.
Na minha infância, vivida na fazenda do meu avô, no sertão do estado de Sergipe, fui presenteado com um cachorrinho preto. A sua história eu conto no poema que transcrevo.


O MEU CÃO FIEL

Nesta noite tive um
sonho que me trouxe
uma lembrança da
minha infância vivida
numa fazenda perdida
nos confins do sertão
nordestino... O meu avô
presenteou-me com um
cachorrinho preto que
acabara de nascer. Ele
mostrava na testa um
sinal semelhante a
uma estrelinha branca.
Eu cuidava dele como a
mãe zelosa cuida do seu
filhinho. Rapidamente
cresceu e tornou-se um cão
enorme, brioso e valente!
Era o meu único amigo.
Nem o meu avô podia
aproximar-se de mim,
pois seria atacado pelo cão ciumento.
A nossa fazenda ficava
separada da fazenda vizinha
por uma cerca de arame farpado.
Às vezes, o meu cão fiel
desaparecia durante longo tempo.
A razão da sua ausência
foi esclarecida, mas somente
a Natureza poderia explicar.
O meu amigo pulava a cerca
para atacar e comer cabritos do
nosso vizinho, inimigo do meu
avô por questões de cercas
divisórias. Jamais atacou
os cabritos da nossa fazenda.
O vizinho queixou-se ao delegado,
que intimou o meu avô a
matar o meu cão fiel.
A intimação foi rejeitada.
O delegado malvado laçou-o,
e na beira de uma estrada
o matou a tiros de revólver.
Durante um mês eu chorava
e procurava o meu cão fiel.
Para me consolar, o meu
avô disse-me que ele havia
fugido. Recebi um outro cãozinho,
mas, decorrido um ano eu ainda
sentia saudade do meu cão preto.
Então, num certo dia, o meu avô
relatou-me a tragédia do
assassinato praticado pelo delegado.
Embora o tempo passado, a
notícia me fez sofrer e dos
meus olhos nasceu uma cascata de lágrimas.
Senti forte desejo de vingança...
Mas eu tinha apenas seis anos!


Aracaju, 27-6-2015.


Edson Valadares

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