quinta-feira, 23 de março de 2017

Março 2012




                                 ANO 2012
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                                  MARÇO

11.       Apraz-me colocar nesta crônica, algumas passagens que me aconteceram nesta minha visita de 17 dias a esta fervilhante cidade do Rio de Janeiro.
 Eu e a Deise chegamos no dia 29 de fevereiro.
 Comprei passagens de volta para Aracaju marcadas para o próximo dia 17.
 Frequentamos por três vezes o teatro da Academia Brasileira de Letras onde assistimos à palestra de um famoso filósofo brasileiro sobre o tema PENSAR.
 Em seguida, assistimos ao conserto de uma soprano norte-americana acompanhada por uma maravilhosa pianista brasileira.
 Assistimos a uma palestra feita pelo poeta Ferreira Gullar.
 Ontem, no teatro da Maison de France, assistimos a um musical emocionante. Duas cantoras e um grupo de teatro reviveram as vidas de Marlene e de Emilinha Borba, que durou três horas.
 O teatro estava lotado. Os aplausos estridentes do público causavam agonia aos meus ouvidos. O espetáculo foi maravilhoso e inolvidável. A Deise aplaudiu as cantoras com tanto vigor que lhe inchavam as mãos.
 Num restaurante sito na Cinelândia comemos uma pizza do tamanho de um prato comum. Chegada a conta, espantei-me com o preço de R$ 40,00.
 Almoçamos, hoje, num restaurante simples, na rua do Catete. Uma tigela de feijão, farofa, arroz, batata frita, uma lata de Coca-Cola, um copo de suco de laranja e quatro minúsculos pedaços de galeto. Recebida a conta assustei-me com o preço de R$ 74,00.
 À noite de hoje, a Deise e algumas amigas vão à boate.
 Eu vou dormir.



 12.       Na manhã de hoje, eu e a Deise decidimos revisitar o Cristo Redentor que, do cume do Corcovado, de braços abertos, recebe turistas do Brasil e do mundo inteiro.
 No Largo do Machado tomamos um micro-ônibus. Quando nós e outros turistas descemos no ponto fomos “atacados” por muitos taxistas que, aos gritos, ofereciam os seus táxis com destino ao Cristo. Diziam que a passagem do trem era mais cara e o trem demorava 40 minutos. Mentiam para enganar os incautos.
 Entramos na estação e imediatamente tomamos o comboio. A passagem inteira custou R$ 43,00. A meia passagem R$ 26,00. A viagem durou 20 minutos.
 A visão da cidade era deslumbrante, sem palavras para descrevê-la.
 Para chegar ao Cristo sobe-se de elevador. Depois sobe-se mais duas escadas rolantes.
 Algumas lojas de “souvenir” extorquiam os turistas desavisados.
 Uma camisa custava R$ 50,00. A mesma camisa custava R$15,00 nas ruas do Centro da cidade. Nada compramos.
 O relógio marcava 13h. Descemos o morro e fomos lanchar no Mc Donald's.
 Ao meu lado uma mulher de meia idade estava sentada. Seguramente, pesava 150 quilos. Minutos depois, passava outra muito semelhante. Em seguida, passou no corredor da lanchonete um sujeito de mais ou menos 40 anos. Era tão gordo que caminhava com dificuldade, as pernas protestando.
 As três personagens assemelhavam-se a hipopótamos adultos.
 Chego no hotel muito cansado.
 Tomo uma ducha quente e vou dormir.



 12.     Nas minhas andanças pela cidade grande, vou observando coisas inusitadas. Na praia do Flamengo um
homem e uma criança de berço estavam sentados debaixo de uma árvore frondosa. O homem tocava violão e cantava para distrair o filho.
 É impressionante a quantidade de mulheres gordas e homens obesos, dando-me a impressão de que estão grávidos de nove meses.
 A secular guerra entre a guarda municipal e os miseráveis camelôs continua. Com medo do “rapa”, os negociantes de rua (camelôs) expõem à vista do público, as suas mercadorias.
 Espiões ficam vigilantes para avisá-los da aproximação dos famigerados “rapas” que, em nome da lei, apoderam-se dos seus produtos.
 Quando surge o “rapa” os camelôs embrulham suas mercadorias e desaparecem no meio da multidão.
 Outros, menos astutos, ou desavisados, são atacados e roubados pelo “rapa”. Perdem tudo. Alguns choram.
 Revoltado com essa prática da Prefeitura enviei um enérgico email para o prefeito Eduardo Paes, protestando contra essa violência e sugerindo a ele e fornecer aos camelôs licença para exercerem o seu negócio sem receio do “rapa”.
 Em plena Avenida Rio Branco, vejo miseráveis dormindo sob as marquises dos edifícios. Uns cobertos com lençóis imundos e sem travesseiros; outros dormindo com a miserável roupa do corpo.
 Finalmente, as autoridades resolveram combater os agiotas que empregam grande número de pessoas para oferecer empréstimos a juros absurdos. Muitos foram presos.
 A cidade enfim, livrou-se dessa praga.



 13.      A Deise desejava conhecer o Museu Contemporâneo de    Arte   em     Niterói.  Na    Praça    XV intencionávamos
atravessar a Baía da Guanabara num aerobarco, existente no passado. Avisaram-nos que os mesmos    foram extintos.
 Tomamos uma barca que transporta 900 passageiros sentados e 400 em pé. Moderníssima. Novíssima, confortável.
 A travessia durou apenas dez minutos, metade do tempo das barcas mais antigas.
 O edifício do Museu, projeto de Oscar Niemayer, é fantástico. São três andares, contando-se o térreo. A vista do Rio de Janeiro, fabulosa.
 No primeiro andar contei 34 quadros da tal arte contemporânea pregados na parede. Ao lado de cada quadro estava a placa minúscula informando o nome da pintura e o autor. Nada mais. Cabe ao visitante adivinhar o significado desses quadros de arte medíocre.
 Tínhamos visto um shopping próximo à estação das barcas.
 Decidimos almoçar ali.
 O shopping colossal. De nome Plaza.
 Com o térreo são seis andares. Servidos por escadas rolantes.
 Sabemos que nessa cidade, antiga capital fluminense, existem cinco shoppings.
 Niterói tem uma população de 489.000 habitantes. Aracaju, 579.000. Entretanto Niterói tem maior número de edifícios.
Há uns poucos anos foi eleita a cidade com mais alto IDH do Brasil. a sua praia de Icaraí, de areia branca, é muito bonita.
 Programamos para amanhã um passeio ao Alto da Boa Vista.
 Visitaremos a Cascatinha, as Furnas da Tijuca e a Capela do Mayrink. Lugares que não vou desde decorridos 60 anos.



 13.         Na noite de hoje fomos pela terceira vez ao Teatro da Academia Brasileira de Letras (ABL), com o intuito de
assistimos a uma conferência sobre a arte da pintura a ser proferida pelo poeta e crítico de arte Ferreira Gullar.
 Como poeta, a mídia, ignorante do que seja poesia, o elege como o maior do Brasil na atualidade.
 O crítico foi apresentado ao público pelo Acadêmico Marco Lucchesi, segundo Secretário. Este mostrava-se possuidor de muita cultura e a sua oratória elogiável.
 Então o conferencista começa a falar perante um auditório lotado com a presença de vários imortais.
 A sua dicção precária. Muitas palavras pronunciadas como cochicho eu não ouvia. Contudo, o público o aplaudia fervorosamente a cada tolice que dizia. Quase tudo o que disse me pareceu uma algaravia, sem ordem ou coesão.
 Repetia por vezes o mesmo discurso. Nada se referia ao início da arte rupestre. Citava, aleatoriamente, pinturas famosas (como a Monalisa) e outras não. Uma salada mista.
 A Deise justificava que em sua conferência, Ferreira Gullar começa a falar de pintores famosos como introdução, para, finalmente, criticar a pintura moderna.
 Decepcionado com a palestra do famoso poeta e crítico de arte, que durou uma hora, com a mente confusa, voltei para o hotel.


 14.     Em janeiro de 1950, aos 26 anos de idade eu chegava a esta cidade, emigrado da capital de Sergipe, Aracaju.
 Hospedei-me num modesto hotel perto da estação da Central do Brasil, onde morava um sergipano meu amigo. O hotel era dispendioso para o recém-chegado. 
 Graças ao Jornal do Brasil, dois dias depois eu me instalava numa pensão à Avenida Henrique Valadares. Nessa pensão morei durante um ano.
 O meu primeiro passeio foi ao Cristo Redentor. Lembro-me como se estivesse acontecendo agora.
À noite subi de trem o Corcovado.
 Às 22 horas, deslumbrado pela beleza celestial da cidade, decidi regressar.
 Nesse momento, inicia-se uma violenta tempestade. Os relâmpagos sucediam-se, Trovões explodiam com o estrondo de bombas atômicas. O chão tremia como se estivesse com medo.
 Com os outros passageiros assustados, entrei no trem salvador. A tempestade amainou-se após uma hora. Então o comboio começara a descer o alto morro, vagarosamente.
 O meu segundo passeio foi à Floresta da Tijuca no desejo de conhecer a Cascatinha (37 metros de altura) e as Furnas. Tomei um táxi e fui para o morro da Boa Vista, por estradas tortuosas. Eu e a Deise chegamos à famosa cascata. O motorista desconhecia as Furnas, solicitava informações em postos de gasolina e a vários guardas florestais. Todos eles ignoravam as Furnas. Decepcionados, regressamos. O motorista nos deixou no Shopping Iguatemi em Vila Isabel. Não é o maior Shopping do Rio, contudo é o mais bonito. Após almoçarmos, voltamos para o hotel. Acordo às 18:24m e logo começo a escrever esta crônica.
 De Aracaju, remeterei carta para o Prefeito Eduardo Paes protestando contra a precária sinalização dos pontos turísticos da Floresta da Tijuca.

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