ANO:
2011
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JUNHO
9. Às oito horas desta manhã típica de
outono, tomo uma van para ir a Botafogo afim de submeter-me a cinco exames dos
olhos numa clínica excelente, sita à rua Voluntários da Pátria.
Excepcionalmente, o trânsito fluía rápido, tanto
que, uma hora decorrida eu descia do Metrô e já caminhava na citada rua.
Como fosse cedo, tive a curiosidade de melhor
conhecer a rua Mena Barreto, paralela àquela. Aqui e acolá, via casas antigas e altos
edifícios. Na confluência da rua Real Grandeza, observei um conjunto de
possantes edifícios cercados por uma grade que media quase um quilômetro.
Muito admirado,
aproximei-me do largo portão de entrada.
Num edifício colossal estava escrito: FURNAS.
Tomo a Real Grandeza e volto à Voluntários da
Pátria.
Na clínica, que ocupa um grande número de
salas eram mulheres todos os atendentes e médicos.
Na sala de espera, sentavam-se cinco mulheres,
quatro delas, gordas como um hipopótamo.
E para meu espanto, uma das médicas, jovem,
pesaria mais de cem quilos.
Puseram-me colírio nos olhos e, daí a pouco,
eles anuviaram-se.
Concluídos os exames, após uma demora de meia
hora, chego à rua, tomo um táxi e me dirijo para a estação do Metrô de Botafogo,
ainda enxergando mal.
Para alcançar a plataforma dos trens desceria
uma escadaria de três lances com uns 40 degraus.
À minha frente ia um cego que apalpava os
degraus com sua bengala branca. Uma
jovem ofereceu-lhe ajuda que foi recusada.
Curioso, eu o seguia. Ao passar na catraca desceu outra escada. Misturou-se à multidão de passageiros e o perdi
de vista. Tratava-se de um jovem senhor,
vestido com elegância.
Quem seria? Para onde iria?
E para a minha surpresa, três cegos
conversavam após atravessarem a catraca.
Chego à Avenida Rio Branco. Dirijo-me à
Petrobras. De súbito, vi, atônito, uma jovem que lentamente caminhava à minha
frente.
Observei-a com admiração. Era alta, de quase
dois metros, forte como um rinoceronte.
Muito bonita. Loira. Sumiu-se ao ingressar num banco.
O relógio já indicava duas horas de uma tarde
sem sol.
Olho para o céu e vejo a concentração de
nuvens escuras como a caverna, prenunciando a chegada de uma frente fria ontem
anunciada pelo Serviço de Meteorologia.
Chego à Ilha quando caíam os primeiros
chuviscos.
Agora são 22h. Faz frio: visto três roupas
quentes.
Ao terminar de redigir esta crônica, se o sono
me permitir passarei a ler o pavoroso “Diário de FRANKENSTEIN”, cientista que
realmente existiu. Ele morreu
assassinado pelo monstro que criou.
13. Sempre que percorro as localidades desta
cidade e me misturo à fauna humana que se movimenta, observo pessoas inusitadas
que merecem registro nas crônicas que escrevo numa imitação ao lendário João do
Rio.
Na tarde de hoje vi uma senhora que atraiu a
minha atenção e curiosidade.
Da cor parda, aparentava a idade de 40 anos. Obesa como um hipopótamo. Pesaria uns 140 quilos. Caminhava com pressa e eu me admirava de como
as suas pernas suportavam aquele peso.
O que me causou espanto foi a largura e o
volume do seu bumbum. Deveria medir um
metro e pesar uns 30% do corpo.
Segui-a cerca de 200 metros, quando ela
penetrou num formigueiro de transeuntes e sumiu-se dos meus olhos.
Ainda agora tenho a impressão de que vejo
aquela estranha criatura.
30. Hoje faz dez meses que cheguei ao Rio,
vindo de Aracaju, capital do estado de Sergipe, onde decidi morar até o dia FINAL.
Como o tempo passa tão rápido que nem notamos!
Estou aqui submetendo-me a exames médicos.
Já me consultei com doze.
Necessito viver pelo menos mais cinco anos,
prazo de que preciso para publicar nove livros que se acham no prelo da Editora
TABA, desta capital, e concorrer ao Prêmio Nobel de 2012.
Pretendo regressar para Aracaju até novembro,
o mais tardar. É que não mais disponho
de saúde aos quase 88 anos de idade para viver nesta megalópole.
Habito o apartamento do meu filho, sito na
Ilha do Governador, distante 30 km do Centro da cidade. Para consultar-me com
os meus médicos no bairro Botafogo, viajo cerca de 70 km (ida e volta).
Estive calculando o desgaste físico que tenho
sofrido nestes dez meses. Os números são tão preocupantes que me espanto de
estar vivo. A seguir, faço uma estimativa esclarecedora.
1)
Viajei de taxi, ônibus
e Metro aproximadamente. 8.000 km. Em 50 dias viajei 400 km somente para fazer
fisioterapia.
2)
No apartamento no
qual estou hospedado, existem 27 degraus. Em 20 dias que fui à rua num mês,
desci e subi 1080 degraus que somados aos degraus que desafiei no Metrô, em
número de 6.000, totalizam 7080 degraus!!! É incrível!
Espanta-me
ainda estar vivo e escrevendo esta crônica.
Ademais caminhei em dez meses, no mínimo,
200 km.
Li 300 jornais!
Li
vários livros somando 6.000 páginas!
Estes
números me apavoram!
Preciso
mudar-me urgentemente para uma pensão na Zona Sul da cidade. Do contrário, enterrar-me-ão em algum
cemitério daqui.
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