terça-feira, 21 de março de 2017

Junho 2011



                                        ANO: 2011
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                                        JUNHO


9.             Às oito horas desta manhã típica de outono, tomo uma van para ir a Botafogo afim de submeter-me a cinco exames dos olhos numa clínica excelente, sita à rua Voluntários da Pátria.
 Excepcionalmente, o trânsito fluía rápido, tanto que, uma hora decorrida eu descia do Metrô e já caminhava na citada rua.
 Como fosse cedo, tive a curiosidade de melhor conhecer a rua Mena Barreto, paralela àquela.  Aqui e acolá, via casas antigas e altos edifícios. Na confluência da rua Real Grandeza, observei um conjunto de possantes edifícios cercados por uma grade que media quase um quilômetro.
Muito admirado, aproximei-me do largo portão de entrada.  Num edifício colossal estava escrito: FURNAS.
 Tomo a Real Grandeza e volto à Voluntários da Pátria.
 Na clínica, que ocupa um grande número de salas eram mulheres todos os atendentes e médicos.
 Na sala de espera, sentavam-se cinco mulheres, quatro delas, gordas como um hipopótamo.
 E para meu espanto, uma das médicas, jovem, pesaria mais de cem quilos.
 Puseram-me colírio nos olhos e, daí a pouco, eles anuviaram-se.
 Concluídos os exames, após uma demora de meia hora, chego à rua, tomo um táxi e me dirijo para a estação do Metrô de Botafogo, ainda enxergando mal.
 Para alcançar a plataforma dos trens desceria uma escadaria de três lances com uns 40 degraus.
 À minha frente ia um cego que apalpava os degraus com sua bengala branca.  Uma jovem ofereceu-lhe ajuda que foi recusada.
 Curioso, eu o seguia.  Ao passar na catraca desceu outra escada.  Misturou-se à multidão de passageiros e o perdi de vista.  Tratava-se de um jovem senhor, vestido com elegância.
 Quem seria? Para onde iria?
 E para a minha surpresa, três cegos conversavam após atravessarem a catraca.
 Chego à Avenida Rio Branco. Dirijo-me à Petrobras. De súbito, vi, atônito, uma jovem que lentamente caminhava à minha frente.
 Observei-a com admiração. Era alta, de quase dois metros, forte como um rinoceronte.
 Muito bonita.  Loira.  Sumiu-se ao ingressar num banco.
 O relógio já indicava duas horas de uma tarde sem sol.
 Olho para o céu e vejo a concentração de nuvens escuras como a caverna, prenunciando a chegada de uma frente fria ontem anunciada pelo Serviço de Meteorologia.
 Chego à Ilha quando caíam os primeiros chuviscos.
 Agora são 22h. Faz frio: visto três roupas quentes.
 Ao terminar de redigir esta crônica, se o sono me permitir passarei a ler o pavoroso “Diário de FRANKENSTEIN”, cientista que realmente existiu.  Ele morreu assassinado pelo monstro que criou.


13.          Sempre que percorro as localidades desta cidade e me misturo à fauna humana que se movimenta, observo pessoas inusitadas que merecem registro nas crônicas que escrevo numa imitação ao lendário João do Rio.
 Na tarde de hoje vi uma senhora que atraiu a minha atenção e curiosidade.
 Da cor parda, aparentava a idade de 40 anos.  Obesa como um hipopótamo.  Pesaria uns 140 quilos.  Caminhava com pressa e eu me admirava de como as suas pernas suportavam aquele peso.
 O que me causou espanto foi a largura e o volume do seu bumbum.  Deveria medir um metro e pesar uns 30% do corpo.
 Segui-a cerca de 200 metros, quando ela penetrou num formigueiro de transeuntes e sumiu-se dos meus olhos.
 Ainda agora tenho a impressão de que vejo aquela estranha criatura.


 30.          Hoje faz dez meses que cheguei ao Rio, vindo de Aracaju, capital do estado de Sergipe, onde decidi morar até o dia FINAL.
 Como o tempo passa tão rápido que nem notamos!
 Estou aqui submetendo-me a exames médicos.
 Já me consultei com doze.
 Necessito viver pelo menos mais cinco anos, prazo de que preciso para publicar nove livros que se acham no prelo da Editora TABA, desta capital, e concorrer ao Prêmio Nobel de 2012.
 Pretendo regressar para Aracaju até novembro, o mais tardar.  É que não mais disponho de saúde aos quase 88 anos de idade para viver nesta megalópole.
 Habito o apartamento do meu filho, sito na Ilha do Governador, distante 30 km do Centro da cidade. Para consultar-me com os meus médicos no bairro Botafogo, viajo cerca de 70 km (ida e volta).
 Estive calculando o desgaste físico que tenho sofrido nestes dez meses. Os números são tão preocupantes que me espanto de estar vivo. A seguir, faço uma estimativa esclarecedora.
1)      Viajei de taxi, ônibus e Metro aproximadamente. 8.000 km. Em 50 dias viajei 400 km somente para fazer fisioterapia.
2)      No apartamento no qual estou hospedado, existem 27 degraus. Em 20 dias que fui à rua num mês, desci e subi 1080 degraus que somados aos degraus que desafiei no Metrô, em número de 6.000, totalizam 7080 degraus!!! É incrível!
 Espanta-me ainda estar vivo e escrevendo esta crônica.
Ademais caminhei em dez meses, no mínimo, 200 km.
 Li 300 jornais!
 Li vários livros somando 6.000 páginas!
 Estes números me apavoram!
 Preciso mudar-me urgentemente para uma pensão na Zona Sul da cidade.  Do contrário, enterrar-me-ão em algum cemitério daqui.

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