DIÁRIO
2015
OUTUBRO
28
Agora são 4h30.
Acordo e levanto-me para registrar neste Diário
um dos sonhos mais estranhos, mais incríveis, mais perigosos e mais aflitivos
da minha existência.
Confirmo que eu seja, possivelmente, o mais
sonhador do mundo. E por que sonho tanto? Set lá! Calculo em 180.000.
Eu estava parado num ponto de ônibus em
Copacabana, na cidade do Rio de Janeiro, onde morava. Pretendia embarcar num
ônibus para o centro, a fim de trabalhar no meu emprego numa importante
empresa.
Aproxima-se um ônibus esquisito. Parou. Um
letreiro indicava o destino: MATOSO.
Uns passageiros desciam e outros subiam no
veículo.
Sem nenhuma razão lógica eu embarquei também e
sentei-me no único lugar vago.
O ônibus saiu da cidade e começou a trafegar
numa estrada estreita e sem asfalto.
A região era montanhosa. O ônibus subia e
descia ladeiras perigosas. O medo apossou-se de mim. Pensei em deixa-lo, porém
o trajeto era deserto.
O ônibus estava lotado de gente pobre e
estranha. O silêncio era de cemitério abandonado, à meia noite, pois ninguém conversava.
Aqui e acolá, passageiros desciam em lugares
estranhos e sem casa à vista.
A esquisita viagem demorou toda esta madrugada.
Embora tivesse me levantado duas ou três vezes para ir ao ”restroom”, o
terrível sonho continuava.
Finalmente, o ônibus parou no ponto final. Ao
longe eu via um enorme edifício e uma alta torre.
A uma passageira gorda perguntei onde eu
estava. Ela pousou em mim um olhar de defunto e, em silêncio, afastou-se.
Eu pensava em regressar ao meu destino nesse
ônibus, porém o mesmo sumiu-se.
Felizmente, um galo que canta alto todas as
manhãs me acordou. Levanto-me, lavo o rosto para espantar um resto de sono para
registrar este incrível e estafante sonho, ainda temeroso da perigosa viagem
que terminava.
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