quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

AFINAL, A MORTE...




AFINAL, A MORTE
(Para a jovem médica Aline Magalhães Barreto)
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Caminhamos no tempo por curta ou longa estrada
para a tragédia final.
Estamos todos marcados para o encontro
do último suspiro.
Muitos dos que conviveram conosco
definitivamente partiram.
E os outros que vieram até nossa existência
ou nossa existência promoveram,
também desapareceram.
É certo que também partirei numa manhã sem sol.
Muitos me ajudaram nestes meus passos
ainda não conclusos.
Foram muitos os que ajudaram,
como profissionais da cura,
prolongando-nos no tempo vivo.
Meu pai, meu irmão, minha própria filha,
e até o neto e uma neta.
Estiveram ou estão dobrados de abnegação
para a continuidade da vida.
Mas somos programados para uma
necessária conclusão.
Se algum dia eu estiver no fim, crivado de dores
e molhado de lágrimas,
Qualquer interferência para suster o processo da
morte, será prolongar o meu sofrimento
por causa de uma existência desnecessária, pois inútil.
Deixe-me sucumbir; inevitavelmente sucumbir.
E, assim, o Anjo da morte será como uma esposa

partida e reencontrada.
E direi como Aline que não conheço:
Oh, morte magnânima!
E acrescentarei: o meu caminho foi certamente
para este último e definitivo encontro.


(Aracaju, novembro de 2005).



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