segunda-feira, 27 de junho de 2016

UM SERTANEJO NO PANAMÁ



          ______UM SERTANEJO NO PANAMÁ___________




Eu havia terminado meus trabalhos de auditoria em Nova York, numa segunda visita à capital do mundo, e já arrumava a mala para voltar ao Brasil, ao meu lar, à minha saudosa cama, mais confortável, para mim, do que as camas dos mais luxuosos hotéis.
A minha alegria foi interrompida. Chegava um telegrama da Matriz instruindo-me para viajar para o Panamá, com a missão de auditar a filial localizada na capital.
Embora fosse da minha nata curiosidade conhecer outros países, os seus povos, as diferentes culturas, as cidades, etc., um véu de tristeza cobriu o meu rosto.
De súbito, mudei de opinião ao recordar que iria conhecer o famoso canal do Panamá. Um novo sentimento, agora de alegria, me conduziu ao aeroporto Presidente Kennedy.
Dirigi-me ao balcão da companhia aérea recomendada para comprar a passagem. Ao invés de formulário como se usa no Brasil, a funcionária loira e bela, vestida numa farda azul como safira, entregou-me um simples cartão, sem meu nome sequer.
Não compreendi bem o seu gesto e perguntei pela passagem. Ela riu na minha cara de sertanejo tabaréu e, com o dedo indicador da mão direita mandou-me na direção do avião americano de partida para o Panamá.
Eu voltei a pensar: no Brasil até a passagem de ônibus interestadual, é complicada!
O voo iniciou-se no horário estabelecido.
Desci no moderno aeroporto da cidade do Panamá. As sombras da noite, semelhantes a mortalhas, cobriam o pequeno país da América Central.
O policial de plantão num “guichet” perguntou-me apenas meu nome e se tinha hotel reservado.
O dia seguinte era domingo, e eu o aproveitei para identificar-me com a metrópole e seu povo.
Aluguei um taxi. A cidade parecia vazia. Transitei por avenidas principais, ruas e praças ajardinadas. O taxista me convidou a conhecer um edifício histórico, onde Bolivar reuniu-se com outros revolucionários que libertavam do jugo espanhol os países da Alemanha Central.
Alegrou-me a visão de enormes e modernos edifícios, sedes de bancos estrangeiros.
O panamenho é um povo educado. O taxista conduzia-me, de boa vontade, aos locais mais conhecidos da grande cidade.
Almoçamos no hotel de quatro estrelas onde eu estava hospedado. À tarde voltamos a percorrer outros logradouros.
Quase noite, eu já temia a tarifa a pagar e voltei ao hotel. A conta foi módica, bem mais barata do que em Nova York.
Após o jantar, eu assistia na TV uma reportagem sobre o canal do Panamá, quando fui surpreendido por um enxame de guapos militares, de diversas patentes, do exército norte-americano, que “ocupavam” o hotel.
 Surpreendi-me ao constatar que soldados e oficiais hospedavam-se no mesmo hotel, evidenciando a mentalidade democrática desse povo do norte.
Tomaram os elevadores e sumiram rapidamente.
Decorridos uns 60 minutos, os elevadores abriram-se e deles saiam conversando, rindo ou gargalhando, aqueles militares, agora em roupas civis.
 Alguns dirigiam-se ao restaurante; outros foram ao luxuoso cassino do hotel tentar a sorte no jogo.
Eu decidi conhecer o cassino. O porteiro exigiu-me o passaporte. Mais tarde, eu soube que ao panamenho é vedado o ingresso nos cassinos evidentemente destinados a “depenar” gringos e turistas.
Antes de prosseguir neste relato, devo dizer que ao andar pelas ruas tinha a impressão de me achar numa cidade do nordeste do Brasil. Os transeuntes, em sua maioria, eram de baixa estatura e mulatos. Entretanto, no escritório da filial eu conheci uma das mais lindas moças panamenhas, de causar inveja à própria Afrodite.
Numa noite, deparei-me com enorme cartaz colorido anunciando a realização de um “show” por parte de um grupo da República Dominicana. O local era um café-teatro próximo ao meu hotel.
Paguei o ingresso e ocupei uma mesa vazia.
O espetáculo musical iniciava-se.
A música desconhecida e os movimentos das ágeis e bonitas dançarinas, embriagava-me de emoção.
Pedi ao “mozo” uma bebida alcoólica exótica. Era forte como a nossa cachaça, e eu bebericava com sofreguidão.
No intervalo, duas daquelas dançarinas sentaram-se à minha mesa sem pedir licença. Confesso que até fiquei contente com as súbitas companhias que exalavam perfumes inebriantes.
Uma delas, falando espanhol, naturalmente, perguntou-me se eu pagaria um “gole”. Bebia o misterioso líquido com satisfação e rapidez. Engoliu mais alguns cálices e voltou ao palco para a sua furiosa dança.
Eu me sentia como se se estivesse num país de sonhos.
No segundo intervalo, a dançarina reocupou o seu lugar e me pediu permissão para beber mais um cálice. Quem negaria? Era uma mulher de 30 anos, talvez, muito bonita. A voz de veludo.
Deu-me na cabeça de perguntar o nome do líquido que causava tanta alegria àquela Vênus. Não recordo. A bela moça retornou ao palco. O relógio indicava a meia-noite. O doce sono começava a fechar-me as pálpebras.
No cardápio constatei que cada cálice daquela bebida me custava onze dólares. Chamei o “mozo” (garçom) e pedi a conta. Quase cem dólares. A dança continuava ao som de tambores excitantes. Corri para o hotel lamentando minha infantilidade. A diária daquele dia estava quase esgotada.
Deitei-me me censurando, mas ainda estava inebriado com o perfume da excêntrica bailarina, cujo rosto continua vivo na minha mente.
Num outro dia eu me achava na portaria do hotel, sem programa. Nisso, o motorista a que me referi, apanhou um passageiro e me convidou a pegar a “carona”. Após haver percorrido um longo trajeto, o passageiro desceu do táxi. Voltamos para o hotel e o amável taxista recusou minha gorjeta.
Os meus trabalhos de auditoria realizavam-se com rapidez. As operações eram poucas e os registros contábeis bem praticados.
Uma semana depois, o Gerente me conduziu a uma sub-filial existente na famosa cidade de Colón, terra de piratas ao tempo da colonização.
A cidade me pareceu uma extensa favela. A maioria dos seus habitantes da raça negra, descendentes dos africanos contratados quando da construção do canal. Perigosa também.
Após dois dias de verificação dos documentos, conclui que precisaria de uns dois meses para pôr em ordem aquele pandemônio contábil.
Alertei o Gerente para a necessidade de serem iniciados profundos trabalhos de revisão nos livros contábeis visando ao saneamento e regularização das pendências contábeis.
O calor era insuportável e eu decidi escapar dali.
Entrei num veículo semelhante às antigas lotações que circularam no Rio de Janeiro e regressei à capital.
Estudei, o mais que pude, as condições de vida do panamenho. Salvo engano, posso dizer que o país é pobre, porém o seu povo não é miserável. Não vi pessoas pedindo esmolas.
Guardo recordação do mamão do Panamá, sem dúvida o mais doce mamão do mundo.
Devo acrescentar que num sábado de sol contratei um táxi e fui conhecer e dizer adeus ao famoso Canal do Panamá, à época administrado por TIO SAM.
O canal, visto de perto, dava a impressão de ser uma “estrada líquida”. Dezenas de navios     de       muitos tamanhos e tipos estavam imobilizados, em fila indiana, aguardando o momento de prosseguir viagem.
Alguns dados sobre o país e o canal:
A sua extensão é de 82 km; a largura mínima de 91,5 m; 26 m de profundidade e três eclusas duplas. A travessia demora cerca de nove horas.
O canal foi inaugurado em 1914, para ligação dos oceanos Atlântico e Pacífico.
Área do Panamá: 75.517 km²
População: 2,9 milhões, dos quais cerca de 500.000 residem na capital.
Analfabetos: 9,2%.
Renda per-capita: 3.000 US$.
Ilhas: 1.023 no Atlântico e 1.518 no Pacífico.
Concluídos meus trabalhos de auditoria na filial do Panamá, retomei a Nova York, e um avião da Varig me trouxe de regresso à minha pátria, o Brasil, sem dúvida o mais fantástico país da Terra.




quarta-feira, 22 de junho de 2016

CAROS AMIGOS





Aracaju, 19 de junho de 2016.



Caros amigos, incentivadores deste blog:


Domingo. Manhã típica de inverno, que parece se antecipar.
A minha biblioteca não é volumosa, guardo uns 500 livros de autoria dos mais importantes poetas e escritores do mundo literário.
Acham-se alinhados uns 60 livros que escolhi para lê-los antes de me despedir deste planeta.
Acabo de virar a última página do emocionante livro ROBINSON CRUSOÉ, de autoria do escritor inglês DANIEL DEFOE.
Antes de apropriar-me do próximo livro, decidi reservar dez dias para avançar-me no estudo de um jornal francês, de uma gramática do idioma português e outra da língua de Shakespeare.
O notável escritor brasileiro Humberto de Campos, de saudosa memória, anunciava que costumava ler dez livros alternadamente.
Até recentemente, eu imitava esse ilustre escritor brasileiro.
Agora, porém, resolvi ler apenas um livro de cada vez, e reservar tempo para a leitura de jornais, revistas e escrever para municiar este blog, no intuito de não decepcionar os meus leitores.
Espero manter o desânimo afastado de mim durante o tempo em que a minha saúde e inspiração permitirem.






O meu livro de poesia intitulado “VERSOS no ESPELHO”, está sendo digitado e, brevemente, será publicado on-line, pela Editora AMAZON.
Entrementes, divulgarei neste blog a minha obra poética, pouco a pouco.

Edson Valadares

Caros leitores deste blog:

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