Aracaju,
20-4-2016.
Prezados
leitores que prestigiam este blog
No
dia de ontem foi divulgado neste blog a minha tradução do famoso poema O CORVO.
Por
motivo que foge a minha compreensão, esse poema foi publicado na internet,
mutilado.
Por
sorte, encontrei o original que ora faço pôr neste blog.
Rogando
desculpar-me, subscrevo-me atenciosamente.
Edson Valadares
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O CORVO
Edgar Allan
Poe
(Tradução de
Edson Valadares)
Uma vez, numa
meia-noite triste, enquanto eu pensava, fraco e cansado,
Sobre um livro
de doutrinas singulares e curiosas, esquecidas:
Enquanto cabeceava, quase cochilando, repentinamente
escutei um leve toque
Como se alguém
gentilmente batesse, batesse na porta do meu quarto.
“È algum visitante”, murmurei,
“batendo na porta de meu quarto-
Só isso e nada
mais”.
Ah, lembro-me
nitidamente que era num dezembro frio,
E,
cada brasa morrendo forjava seu fantasma sobre o piso.
Ansiosamente
esperei o dia seguinte; - em vão eu pensei tomar emprestado
De meus livros
o fim da tristeza- tristeza pela perda de Leonora-
Para a radiante e rara donzela a quem os
anjos chamavam Leonora-
Aqui sem nome
para sempre.
E o
inconstante farfalhar, macio e triste de cada cortina púrpura
Arrepiava-me –
preenchia-me de temores fantásticos nunca antes sentidos;
Assim ate
agora, para acalmar as batidas do meu coração, estive repetindo:
“Será algum
visitante rogando entrada na porta de meu quarto-
Algum
visitante tardio rogando entrada na porta do meu quarto;
É isto e nada
mais”.
Agora
minh’alma fica mais forte; não mais hesitante,
Senhor, eu
disse “ou senhora, o teu perdão eu imploro;
Mas de fato eu
cochilava e gentilmente você batia,
E fracamente
você batia, batia à porta do meu quarto,
E eu mal
estava certo de escutar você” - então abri a porta;-
Havia
escuridão e nada mais.
Perscrutando a
escuridão, permaneci muito tempo, assombrado, medroso, duvidando, sonhando
sonhos que nenhum mortal ousou sonhar antes;
Mais o
silencio era ininterrupto, e a calma não cessava,
E a única
palavra falada era a palavra sussurrada, “Leonora!”.
Então eu
sussurrei, e um eco murmurou de volta a palavra, “Leonora!”.
Apenas isto e
nada mais.
Voltei para o
quarto, a alma queimando dentro de mim,
Logo depois
ouvi uma batida mais forte do que antes.
“Seguramente”,
eu disse, “seguramente há algo na treliça de minha janela
Deixe-me ver,
então, que ameaça e investigue este mistério-
Que meu
coração aquiete-se um momento, e investigue este mistério -
É o vento e
nada mais”.
Neste momento
fechei a persiana, quando com um safanão e excitação,
Ali pousava um
Corvo majestoso dos santos dias do passado.
Ele não fez a
menor vênia; nem num minuto moveu-se,
Mas, com
aspecto de Lorde ou senhora,
Empoleirado
acima da porta do meu quarto-
Empoleirado, e
sentado, e nada mais.
Então este
pássaro de ébano, logrando minha triste fantasia em sorriso
Pelo grave e
duro decoro de suas feições,
Embora sua
crista tosqueada e barbeada,
Vós, eu disse,
“a arte não garante nenhum covarde,
Assustador,
sinistro e antigo Corvo vagando na praia noturna
Diga-me o que teu orgulhoso nome está
nas praias das noites plutônicas! ”
Disse o Corvo, “Nunca mais”.
Ao ouvir diálogo tão claro, muito me
admirou esta deselegante ave,
Embora pouco compreensiva sua resposta -
pequeno diálogo surgiu;
Porque não podemos conceber que nenhum
ser humano.
Tenha sido afortunado ao ver um pássaro acima
da janela do seu quarto –
Pássaro ou animal sobre o busto esculpido acima
da janela do seu quarto,
Com tal nome como “Nunca mais”.
Mas o Corvo, sentado sozinho naquele plácido
busto, falou apenas
Aquela única palavra, como se sua alma naquela
única palavra dita de um jato
Nada mais então ele emitiu; nem uma pena ele
agitou –
Então eu apenas murmurei: “outros amigos
voariam antes –
No dia seguinte ele me deixaria e minhas
esperanças voariam antes.
Então o pássaro disse, “Nunca mais.
Assustado pelo rompimento do silêncio, pela
resposta apropriadamente dita,
“Sem dúvida”, eu disse, “o que ele murmura é só
o que sabe,
Apanhado por algum mestre infeliz de quem cruel
desgraça
seguiu depressa e mais depressa até esta canção
fosse uma carga
Até o canto de sua esperança que
melancolicamente sugere como carga
De “nunca-nunca mais”.
Mas o Corvo ainda enganando minh’alma triste em
sorriso,
Atirei um assento acolchoado na frente do
pássaro, o busto e a janela;
Então sobre a queda aveludada, decidi ligar
Fantasia com fantasia, pensando o que este
odioso pássaro pousado,
O que este cruel, deselegante, horrível,
lúgubre e agourento pássaro do passado,
Significava grasnando, “Nunca mais”.
Estive tentando adivinhar mas nenhuma expressão
silábica
Relativa a ave cujos olhos terríveis queimavam
no peito o coração
Estive adivinhando isto e mais com a cabeça
reclinada
Sobre no forro acolchoado de veludo que a luz
da lâmpada regozijava
Mas o forro de veludo violeta com a luz da
lâmpada que regozijava
A ave insistia, ah, nunca mais!
Então, pareceu-me, o ar tornou-se mais denso,
perfumado por turíbulo invisível
Tangido por Serafim cujas passadas retiniam no
piso forrado
“desgraçado,” gritei, “teu Deus te permitiu –
por estes anjos enviados a ti.
Trega–trega; esqueça as lembranças de Leonora!
Beba, beba esta espécie de remédio mágico e
esqueça esta Leonora perdida
Disse o Corvo, “Nunca mais”.
“Profeta”, eu disse, “coisa do mal-profeta
seja, se ave ou demônio! -
Se o Diabo te enviou, ou se a tempestade te
arremessou da praia,
Solitário e admitido nesta terra deserta e
encantada-
Neste lar de medo e assombro- diga-me com
sinceridade, imploro
Existe – existe bálsamo em Galaad?- diga-me, diga-me,
imploro!
Disse o Corvo, “Nunca mais”.
“Profeta”, eu disse, “Coisa do mal! – profeta
ainda, se ave ou demônio!
Porque aquele céu suspenso sobre nós- por
aquele Deus que ambos adoramos-
Diga a esta alma triste se, no distante Além,
Eu deva cumprimentar uma virgem santa que os
anjos chamam de Leonora
Cumprimentar uma donzela rara e radiante que os
anjos chamavam de Leonora
Disse o Corvo, “Nunca mais”.
“Seja aquela palavra nosso sinal de partida,
ave ou demônio!” gritei arrogante
“Volte para a tempestade e a praia noturna de
Plutão!
Não deixe nenhuma pluma preta como lembrança
daquela mentira que a tua alma falou:
Deixe
minha solidão intacta! – deixe o busto acima da janela!
Retire teu bico para fora do meu coração, e
retire tua figura de minha porta,
Disse o Corvo, “Nunca mais”.
E o Corvo, sem adejar, ainda está sentado,
ainda está sentado
Sobre o busto pálido de Palas logo acima da
janela do meu quarto;
E seus olhos tem toda a aparência de um demônio
que sonha
E a luz da lâmpada escoando sobre ele reflete
sua sombra no piso;
E minh’alma sai daquela sombra que mente
flutuando no piso.
Deve ser suspensa- nunca mais.
Ilhéus, 6-10-2001
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