quarta-feira, 5 de abril de 2017

CRÔNICAS








                 CRÔNICAS
                        DA
         CIDADE DE ARACAJU,
               CAPITAL DO
 ESTADO DE SERGIPE, BRASIL.














                                  ANO  2011
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                                SETEMBRO

7.           Nesta data histórica levantei-me cedo para assistir ao desfile militar e civil que às oito horas se iniciaria na Avenida Barão de Maruim.
             Enquanto na cidade de São Paulo estavam previstos apenas 4.000 assistentes do desfile em homenagem à nossa pátria, aqui, nesta pequena capital de 579.000 habitantes, compareceram perto de 20.000 patriotas que aclamavam com palmas vigorosas os desfilantes.
              Antes do desfile começar eu observava com curiosidade as pessoas próximas ou que passavam à procura de lugar.
              Chamou a minha atenção um casal de meia-idade, ambos de estatura média. O homem ostentava uma enorme barriga como se tivesse uma gravidez de nove meses. A mulher obesa, mostrava ao público uma barriga de hipopótamo.
O interessante é que se abraçavam e se beijavam como dois jovens apaixonados.
 Começa o desfile, comandado por uma robusta mulher, quando no passado esse lugar pertencia a um militar graduado.
 Seguiu-se a banda militar do 28 BC, que tocava hino patriótico.
  Logo atrás a tropa do Exército, da Marinha, da Aeronáutica, Polícia Militar, Corpo de Bombeiros e remanescentes da FEB.
  Em seguida, desfilariam os colégios.
 Nesse instante, senti a vista turva.
 Com receio de desmaiar na via pública, saí dali e a passos largos voltei para casa. Ao tirar a pressão, ela estava 10x5, quando o meu normal é 13x8.  Não sei o motivo. Algumas horas depois a pressão normalizou-se.
  E ainda sobre a parada.
                Observei uma mulher portando uma espada, outra um fuzil, e outra uma metralhadora.
Digo que a mulher deveria usar no peito uma flor e jamais uma arma de fogo.



 16.           Após uma vivência de 50 anos na cidade do Rio de Janeiro, por motivos de família, regresso a Aracaju, onde acontecerá a descida das cortinas do último ato do teatro da minha existência neste planeta maluco.
 Nos primeiros contatos com as pessoas, começo a me incomodar com os usos e costumes aqui praticados, os quais me parecem alheios à Razão e ao Bom Senso.
 Em verdade, sinto um choque de cultura a começar pelo modo de falar (sotaque) da maioria da população.
 Tenho a sensação de que me transportei para outro mundo.
 Caso eu me propusesse a relatar tudo aquilo que me incomoda, escreveria, por certo, um grosso volume.
 Para não cansar os raros leitores das minhas crônicas, ponho aqui um ponto final.












            
                   ANO 2012
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                                      ABRIL


 8.           A manhã de hoje apresenta-se calma e iluminada pelo Sol. o Rio Sergipe, visto do 13º andar do edifício onde acompanho a passagem do tempo, parece dormir tranquilamente, despercebido do que está acontecendo no mundo. O céu azul. Entretanto, próximo ao horizonte vê- se uma cordilheira de nuvens brancas e escuras, imóveis como as montanhas. Uma brisa leve como a seda sopra e espanta o calor.
 Essa visão me faz conjecturar sobre os mistérios da Natureza. E a minha mente pergunta: Deus existe?












                                     ANO 2014
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                                      JULHO
 
30.                Nesta cidade de Aracaju vivo enclausurado.
 Tendo estado na Europa, na América do Norte, na América Central e na América do Sul, conhecido muitas das mais famosas cidades do mundo; as capitais de 19 Estados do Brasil e muitas outras cidades; tendo residido durante 50 anos na capital do Estado do Rio de Janeiro; 3 anos em Belém do Pará e 8 anos em Salvador, Bahia; atingido a idade de 90 anos, nada em Aracajú chama a minha atenção.
 Desse modo, eu havia encerrado o interesse pela crônica.
 Hoje, porém, um acontecimento singular me convidou a reviver este gênero literário de que dá notícia o presente livro.
 Na tarde de hoje, eu e a Deise comparecemos a uma clínica, a fim de consultarmos uma médica endocrinologista, pois ambos sofremos da tireoide.
 Após as formalidades burocráticas, sentamo-nos. Eram 13h30.
 A médica começava a atender os seus pacientes às 14h30.
Ressalvo que nessa clínica havia duas dezenas de mulheres médicas.  Apenas um médico.
 Enquanto eu estava sentado, no aguardo de ser convidado a ingressar no consultório da doutora, os meus olhos curiosos examinavam o público presente. Cerca de 30 pessoas.
 Crianças corriam e gritavam no recinto, sob o olhar complacente dos seus pais.
 Para passar o tempo, eu examinava com os olhos de Argos, as pessoas que entravam e saiam.
 Aquele grupo de pessoas de silhueta variada me parecia representar uma pequena amostragem da raça sergipana.
 Eu era o único idoso presente.
 A maior parte dos personagens era da cor parda; alguns negros.
As suas vestimentas indicavam que       pertenciam à classe média.
 A maior parte usava óculos, que eu não uso aos 90 anos de idade.
 As mulheres e uns poucos homens presentes eram, em sua maioria, obesos. Eu calculava que algumas delas pesavam 100 quilos ou mais.
 A clínica esteve 100% lotada desde que chegamos até quando saímos.
 Se alguém me pedisse para dar uma opinião sobre Aracaju, eu responderia: esta cidade de 600.000 habitantes me parece ser um enorme hospital.
 As centenas de clínicas aqui existentes estão sempre lotadas de segunda à sexta-feira.
 Quem adoece gravemente nos dias de sábado ou domingo deve recorrer às emergências dos hospitais que vivem superlotados dia e noite.
 As autoridades da saúde deveriam fazer campanhas permanentes de prevenção das doenças. Contudo, essas autoridades somente se preocupam com o doente.



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