Aracaju,
22 de fevereiro de 2016.
Excelentíssimo
Senhor Doutor
JOSÉ
ANDERSON NASCIMENTO
Emérito
Presidente da
Academia
Sergipana de Letras (ASL)
Excelência:
Na sessão de hoje da Academia, uma vez mais,
V.Exa. sopra as cinzas da minha infância
e juventude vividas nesta cidade de Aracaju.
A propósito da vossa dissertação a respeito da
importância da datilografia naquela época, eu aduzo as seguintes informações.
Eu completava doze anos de idade em 1936.
Havia um curso de datilografia na Escola
Olympia que durava um ano.
A minha mãe matriculou-me juntamente com uma
irmã de onze anos.
Ela cursou durante um ano.
Eu, recebi diploma aos três meses, apenas, e já
era, seguramente. O mais rápido datilógrafo do Brasil.
Ela, empregou-me no Cartório de Heráclito
Barros.
Durante um ano, eu, uma criança de 12 anos,
datilografava grossas escrituras e outros documentos sem, jamais, cometer um
erro datilográfico.
Durante um ano fui escravo desse Cartório, com
um salário de dez mil réis.
Até que, num dia de graça, adentrou-se no
Cartório um famoso advogado de nome Alfredo Rollemberg Leite.
Ele avistou-me a datilografar com a velocidade
do relâmpago; aproximou-se de mim, e perguntou: “Quer trabalhar comigo? pago
cem mil réis ao mês.”.
No dia seguinte, no seu escritório, eu
respirava o ar da liberdade e consegui, desde então, a minha independência
financeira.
Logo depois, ele me admitiu no Sindicato dos Usineiros
de Sergipe, e, então, passei a acumular a função de datilógrafo do Sindicato e
dele também.
Passados dois anos, fui admitido como
datilógrafo, na Cooperativa dos Usineiros de Sergipe, da qual fui funcionário
até o ano de 1945.
Em 1939, antes de estourar a Segunda Guerra
Mundial, houve na Suécia um concurso mundial de datilografia. O campeão foi um
sueco.
No Jornal do Comércio, da cidade do Rio de
Janeiro, eu tomava conhecimento desse concurso e de outras notícias do Brasil e
do mundo.
O jornal divulgou a quantidade de dígitos e o
respectivo tempo utilizado pelo campeão.
Para avaliar a mim mesmo, coloquei papel na
máquina de escrever e, para a minha surpresa, empatei com o campeão do mundo,
aos 15 anos de idade.
Em 1945, o presidente da Cooperativa cedeu-me,
como datilógrafo, ao político Leandro Maciel, com quem trabalhei durante um ano.
No final de 1945, de posse do diploma de
Contador, fui nomeado Contador da Companhia ITATIG, uma empresa paulista de
petróleo que chegava em Aracaju.
Em janeiro de 1950, a ITATIG vendeu a sonda
para a CNP e eu fui transferido para a Matriz, com sede na cidade do Rio de
Janeiro.
Aqui termina o primeiro capítulo da história da
minha vida.
Respeitosamente,
Edson Valadares
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