ABANDONO
Abandonado pela dita
civilização,
Sigo uma vereda
empoeirada.
Não sinto medo, dor ou
emoção.
Não sei se alcançarei
uma estrada
Que me leve ao altar da
salvação.
Sequer sei onde estou
E para que destino eu
vou!
Nem sei se vivo um
sonho
Ou um pesadelo medonho.
Na vida tive tudo o que
desejava:
Cultura, dinheiro, a
mulher amada.
Mas a velhice chegou
como o inverno
E minha vida toldou-se
num inferno.
Morreram meus entes
mais caros;
Os amigos, cada vez
mais raros.
Fugi da cidade sem alma
E procuro, na solidão,
a calma
Numa caverna que conto
encontrar
Para o meu espírito aí
repousar.
Só no mundo, como
Jequitibá,
Morrerei sozinho, como
um sabiá.
Morrerei esquecido até
do Destino
Sem uma alma bondosa
para me enterrar.
Os urubus, meu corpo
irão dilacerar
Como a carcaça de um
bovino!
E depois? E depois, o
que virá?
Estou sempre a me
perguntar
Sem resposta encontrar.
Nem sei se um Deus
haverá.
(Conjecturando sobre a
morte)
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