quinta-feira, 30 de novembro de 2017

ABANDONO



ABANDONO


Abandonado pela dita civilização,
Sigo uma vereda empoeirada.
Não sinto medo, dor ou emoção.
Não sei se alcançarei uma estrada
Que me leve ao altar da salvação.
Sequer sei onde estou
E para que destino eu vou!
Nem sei se vivo um sonho
Ou um pesadelo medonho.
Na vida tive tudo o que desejava:
Cultura, dinheiro, a mulher amada.
Mas a velhice chegou como o inverno
E minha vida toldou-se num inferno.
Morreram meus entes mais caros;
Os amigos, cada vez mais raros.
Fugi da cidade sem alma
E procuro, na solidão, a calma
Numa caverna que conto encontrar
Para o meu espírito aí repousar.
Só no mundo, como Jequitibá,
Morrerei sozinho, como um sabiá.
Morrerei esquecido até do Destino
Sem uma alma bondosa para me enterrar.
Os urubus, meu corpo irão dilacerar
Como a carcaça de um bovino!
E depois? E depois, o que virá?
Estou sempre a me perguntar
Sem resposta encontrar.
Nem sei se um Deus haverá.


(Conjecturando sobre a morte)

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Caros leitores deste blog:

  Aracaju, 15 de setembro de 2020.      Caros leitores deste blog:      Com o apoio de vocês, este meu blog recebe acessos de qu...