Aracaju, 25 de janeiro de 2017.
Caros leitores:
A partir desta data, começa a digitação das
minhas crônicas, que se iniciam na cidade do Rio de Janeiro.
Em seguida, crônicas de Aracaju, capital do
Estado de Sergipe. Finalmente crônicas avulsas.
Pretendo divulgá-las neste blog, à medida em
que sejam digitadas e revisadas.
Estas crônicas e mais as crônicas de viagens
formam um caderno a serem incluídos no meu livro “PENSAMENTOS”, etc.
Atenciosamente,
Edson Valadares
A CRÔNICA _______________________________________________________________________________________________________________
“Les chroniques
des recits historiques dont L’auteur est au moins pour partie contemporain”.
Portanto,
a crônica é um gênero literário onde os
fatos são narrados, mantendo-se a ordem cronológica.
É,
também, texto publicado em jornal ou outro tipo de período sobre fatos da
atualidade ou não.
A crônica
atingiu o seu auge na Idade Média, após o século XII.
Com a
significação moderna, o termo entrou em uso no século XIX, ganhando, assim,
personalidade literária.
No
Brasil, a crônica ganhou adeptos, tais como: OLAVO BILAC, MACHADO DE ASSIS,
HUMBERTO DE CAMPOS, RUBEM BRAGA, FERNABDO SABINO, JOEL SILVEIRA, JOÃO DO RIO e
outros.
Um dos
cronistas brasileiros mais conhecidos foi PAULO BARRETO, o famoso JOÃO do RIO,
autor de crônicas sobre a cidade do Rio de Janeiro.
Ao tomar
conhecimento das minhas crônicas o saudoso poeta, escritor e crítico literário,
doutor MÁRIO CABRAL, comparou-me ao citado cronista carioca.
Aracaju,
setembro de 2016.
Edson Valadares
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CRÔNICAS
DA
CIDADE DO
RIO DE JANEIRO
ANO: 2010 _________________________________________________________________________________________________________________
OUTUBRO
14. No jornal “O DIA” de hoje, leio uma
reportagem inimaginável. O título: PRAÇAS EM ORDEM DIA E NOITE. PREFEITURA
ANUNCIA PROJETO DE LIMPEZA E REPAROS COM CALENDÁRIO QUE TERMINA EM 2012.
Esclarece: Até o fim de 2012, as 1.274 praças da cidade serão revitalizadas.
Nome do projeto: “A PRAÇA É SUA”. A nova
iluminação fará a noite parecer dia, atraindo moradores aos espaços de lazer
após o fim do expediente de trabalho.
Acordai, turistas do mundo inteiro! Esta
cidade do Rio de Janeiro, que amo intensamente, é a mais bela, a mais viva, a
mais turbulenta deste planeta.
Aqui eu viveria a eternidade!
15. Nesta manhã a temida frente fria
despediu-se desta metrópole.
O Sol volta a brilhar intensamente.
A alegria ilumina o rosto do carioca e
dos alienígenas.
O calor chega e as praias da Cidade
Maravilhosa se animam. Este epígono do famoso cronista carioca, João do Rio
(Paulo Barreto) escreve mais esta crônica.
Às oito horas saio do apartamento do meu
filho, doutor Carlos Roberto Valadares, com a intenção de enfrentar o trânsito
congestionado para ir ao Centro da cidade, onde ficam as sedes da PETROBRAS e
da Fundação PETROS.
As vans e os ônibus lotados não paravam
nos pontos.
Após quase uma hora de espera impaciente, um
milagre fez parar no ponto um ônibus que indicava: CASTELO.
Imprensado entre um formigueiro de
passageiros apressados e nervosos adentrei-me e, por sorte, sentei-me na única
cadeira vazia, reservada para idosos.
Eu ignorava o trajeto do veículo.
Para o meu azar, o trajeto era pela
Avenida Brasil, a mais extensa do país (80 km).
Da Ilha do Governador até o Centro são
28 km. A viagem tão curta durou 1h20.
Ausente da cidade durante 16 anos me
senti atordoado com as multidões nas ruas e avenidas do Centro. Sentia-me como
sardinha dentro da lata.
Embora tivesse vivido aqui durante 50
anos, me senti como se estivesse na Babilônia.
Meio-dia. O estômago começa a reclamar
que estava vazio. Entrei num restaurante sito na Rua Senador Dantas. Solicitei
ao garçom a metade de um galeto e acompanhamento. O cardápio indicava o preço
de RS 14,00, mas a conta totalizava R$ 20,00. Paguei, e em seguida aventurei-me
por ruas da memória esquecidas, e asfixiado no formigueiro humano procurava,
tenso, o ponto de ônibus que me retornaria à Ilha.
Após idas e vindas, eis que avisto o
ônibus CASTELO/BANCÁRIOS que parou perto de mim e abriu a porta de entrada.
Neste horário, 14h, estava quase vazio. Refrigerado e confortável. Tomei
conhecimento que seguiria pela “Linha Vermelha”, o que me alegrou.
A viagem durou 40 minutos.
O apartamento onde me abrigo, no Jardim
Guanabara, fica no alto de uma colina.
Quase idoso como Matusalém, apanhei um
taxi. Tarifa R$ 8,00.
Cansado e sonolento, deitei-me no meu
quarto e dormi até às 19h.
Após um lanche, continuo a ler o livro
de Mário Vargas Ilosa “OS CHEFES – OS FILHOTES”, do qual me manifestarei em
crônica futura.
30. Às nove horas saio das clínica de
fisioterapia. Apanho uma van com destino
ao Centro da cidade. O trajeto é de 28
km.
Ainda na Ilha do Governador o trânsito estava
lento. Ao chegar à linha vermelha. O trânsito fica congestionado, às vezes parado.
A
viagem demorou 1h30, em vez de 40 minutos, quando o trânsito flui sem
dificuldade.
No curto percurso, o poeta de olhos de águia,
observa que dezenas de motoqueiros correm velozmente entre o estreito espaço da
fila de veículos e praticam zigue-zague, indiferentes ao perigo.
E
por incrível que pareça, jovens, desafiando a morte, caminham entre os carros
em movimento no intuito de vender biscoitos.
Que idiotice!
Desço na Avenida Rio Branco e tomo o
metrô. Desço na estação Catete. Vou ao
Banco Itaú e ao Banco do Brasil, e a uma Lan House para mandar e-mail para um
jornalista de O Globo que escreve da Rússia, criticando a reportagem que não
agradou a este Don Quixote da literatura.
Regresso à estação Catete.
Na ausência de escada rolante desço 60
degraus.
Eram 11h30.
Os vagões semivazios. Desço na
Estação Carioca. Havia uma feira de livros próxima. Diviso um livro obeso. Ao
aproximar-me vejo na capa uma caricatura do presidente Lula. O título: “Lula na literatura de cordel, (528
páginas) ”.
“Copyright” da Editora IMEPH, de
Fortaleza. Jurei que não compraria novos
livros porque talvez não os leia nesta vivência.
Não resisti ao desejo. Comprei o livro
por R$ 30.00. Muito barato!
Fatigado, volto para a Ilha. Após dormir um tanto, levanto-me e às 16h45
minutos acabo de compor mais estas páginas desta crônica.
30.
Nesta manhã redigi três emails de crítica severina dirigida a
articulistas do Jornal “O GLOBO”. O meu espírito combativo impede de ensarilhar
as armas deste D. Quixote do século XXI.
Até
quando? Não sei!
Como
cronista desta URBE, numa imitação ao lendário João do Rio, tento pôr nestas
crônicas as minhas impressões e observações a propósito de situações que
observo quando me atrevo a intrometer-me no burburinho da cidade.
Nas
calçadas das mais agitadas artérias, um cardume de gente entrechoca-se. Nas
estações do metrô, verdadeiras cidades subterrâneas, multidões entram e saem
dos trens, cada indivíduo preocupado com seus problemas.
As
filas enervam a população. Há fila para tudo, até nas toaletes.
Porém,
em plena Avenida Rio Branco, num quiosque improvisado, um sujeito fazia beiju
de tapioca. Formava-se uma fila para comprar os beijus. Tive a impressão que
estava no nordeste. Nisto, um sujeito fortão esbarrou-se comigo tirando-me do
devaneio, quando percebi que estava no Rio de Janeiro.
Entrei
na fila que aguardava ônibus para a Ilha. Agora estou em casa, sozinho,
tranquilo e escrevo esta crônica.
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