Noite. Silêncio.
Sinto-me cansado.
Fecho os olhos. Ouço
vozes do passado.
Serão vozes de algum
meu antepassado?
Não compreendo o
significado dessas vozes;
receio serem apenas
pensamentos atrozes
ou nascem do inconsciente
essas vozes?
Tenho medo! Levanto-me.
Acendo a luz;
na parede do quarto
alguém dependurou uma cruz.
Por quê? Esse símbolo
da dor não me seduz!
Vasculho os escaninhos
da memória,
onde estão páginas
ensanguentadas da história.
Da história da
humanidade sem memória!
Abro um livro. Crimes
da Inquisição.
Ora, se o próprio Papa
matava em nome da religião,
como podemos confiar
num cristão?
Ouço agora o uivo
agourente do vento
que parece uivo de
espectros em lamento.
De onde virá este
vento? Do firmamento?
O sono volta. Apago a luz.
Devaneio.
Pergunto a mim mesmo:
“A que você veio?”.
Durmo. Sonho sugar de
minha mãe o seio.
Salvador, noite de
ventos uivantes.
(13-10-2001)
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