quarta-feira, 19 de agosto de 2015

VOZES DO PASSADO




VOZES DO PASSADO


Noite. Silêncio. Sinto-me cansado.
Fecho os olhos. Ouço vozes do passado.
Serão vozes de algum meu antepassado?
Não compreendo o significado dessas vozes;
receio serem apenas pensamentos atrozes
ou nascem do inconsciente essas vozes?
Tenho medo! Levanto-me. Acendo a luz;
na parede do quarto alguém dependurou uma cruz.
Por quê? Esse símbolo da dor não me seduz!
Vasculho os escaninhos da memória,
onde estão páginas ensanguentadas da história.
Da história da humanidade sem memória!
Abro um livro. Crimes da Inquisição.
Ora, se o próprio Papa matava em nome da religião,
como podemos confiar num cristão?
Ouço agora o uivo agourente do vento
que parece uivo de espectros em lamento.
De onde virá este vento? Do firmamento?
O sono volta. Apago a luz. Devaneio.
Pergunto a mim mesmo: “A que você veio?”.
Durmo. Sonho sugar de minha mãe o seio.
 



Salvador, noite de ventos uivantes.
(13-10-2001)

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