Faço
publicar a carta que recebi do notável crítico literário doutor Mário Cabral,
na qual ele me compara ao mais importante poeta satírico do Brasil, Gregório de
Matos.
quarta-feira, 26 de agosto de 2015
À BAHIA
SÁTIRA
Gigante deitado em berço esplêndido,
Aguardando de Deus um estipêndio!
Acorda Bahia! Livra-te da ignorância.
Não tenha fé no engano da cartomancia!
Terra amante das antigas tradições.
De igrejas velhas e de casarões.
Olhe, Bahia, para um rico futuro;
Do teu passado só há monturo!
Terra de Rui e de Mangabeira,
Onde hoje prospera a besteira!
Teu povo é bom, alegre, embora infeliz.
Um povo pobre, doente, como a meretriz!
Terra onde ainda existem currais eleitorais
E de poetas como Castro Alves, nunca mais!
Terra onde medra a erva do analfabetismo,
Mas ricamente iluminada de personalismo!
Sabe com quem está falando?
Esta arrogância irá até quando?
Bahia: por ti o triste poeta chora
À vista das favelas e fome que deplora!
Teu futuro está na agricultura,
E num povo de maior cultura.
A indústria é só uma aventura!
A salvação desta terra não está no baralho:
Está no estribilho: trabalho, trabalho!
Ilhéus, 28-8-2000.
(quando o Sol descamba)
quarta-feira, 19 de agosto de 2015
VOZES DO PASSADO
Noite. Silêncio.
Sinto-me cansado.
Fecho os olhos. Ouço
vozes do passado.
Serão vozes de algum
meu antepassado?
Não compreendo o
significado dessas vozes;
receio serem apenas
pensamentos atrozes
ou nascem do inconsciente
essas vozes?
Tenho medo! Levanto-me.
Acendo a luz;
na parede do quarto
alguém dependurou uma cruz.
Por quê? Esse símbolo
da dor não me seduz!
Vasculho os escaninhos
da memória,
onde estão páginas
ensanguentadas da história.
Da história da
humanidade sem memória!
Abro um livro. Crimes
da Inquisição.
Ora, se o próprio Papa
matava em nome da religião,
como podemos confiar
num cristão?
Ouço agora o uivo
agourente do vento
que parece uivo de
espectros em lamento.
De onde virá este
vento? Do firmamento?
O sono volta. Apago a luz.
Devaneio.
Pergunto a mim mesmo:
“A que você veio?”.
Durmo. Sonho sugar de
minha mãe o seio.
Salvador, noite de
ventos uivantes.
(13-10-2001)
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