O MEU CÃO FIEL
Nesta noite tive um
sonho que me trouxe
uma lembrança da
minha infância vivida
numa fazenda perdida
nos confins do sertão
nordestino... O meu avô
presenteou-me com um
cachorrinho preto que
acabara de nascer. Ele
mostrava na testa um
sinal semelhante a
uma estrelinha branca.
Eu cuidava dele como a
mãe zelosa cuida do seu
filhinho. Rapidamente
cresceu e tornou-se um
cão
enorme, brioso e
valente!
Era o meu único amigo.
Nem o meu avô podia
aproximar-se de mim,
pois seria atacado pelo
cão ciumento.
A nossa fazenda ficava
separada da fazenda
vizinha
por uma cerca de arame
farpado.
Às vezes, o meu cão
fiel
desaparecia durante
longo tempo.
A razão da sua ausência
foi esclarecida, mas
somente
a Natureza poderia
explicar.
O meu amigo pulava a
cerca
para atacar e comer
cabritos do
nosso vizinho, inimigo
do meu
avô por questões de cercas
divisórias. Jamais
atacou
os cabritos da nossa
fazenda.
O vizinho queixou-se ao
delegado,
que intimou o meu avô a
matar o meu cão fiel.
A intimação foi
rejeitada.
O delegado malvado
laçou-o,
e na beira de uma
estrada
o matou a tiros de
revólver.
Durante um mês eu
chorava
e procurava o meu cão
fiel.
Para me consolar, o meu
avô disse-me que ele
havia
fugido. Recebi um outro
cãozinho,
mas, decorrido um ano
eu ainda
sentia saudade do meu
cão preto.
Então, num certo dia, o
meu avô
relatou-me a tragédia
do
assassinato praticado
pelo delegado.
Embora o tempo passado,
a
notícia me fez sofrer e
dos
meus olhos nasceu uma
cascata de lágrimas.
Senti forte desejo de
vingança...
Mas eu tinha apenas
seis anos!
Aracaju, 27-6-2015.
Edson Valadares
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